A bicicleta e a economia estão cada vez mais conectadas. De
fato, a relação entre esses dois temas tem ganhado destaque globalmente. Muitos
estudos e artigos já mostraram os benefícios econômicos, ambientais e sociais
do uso da bicicleta. Entre os pontos positivos, podemos citar as economias com
saúde. Afinal, mais pessoas ativas e a melhoria da qualidade do ar reduzem
custos. Além disso, a diminuição da poluição sonora e a economia pessoal com o
uso de carros, que são mais caros, aumentam a renda disponível das famílias.
Outro ponto importante é o comportamento do consumidor.
Quando usam bicicletas, as pessoas tendem a comprar em locais mais próximos de
casa. Elas buscam pequenas e médias empresas. Isso, por sua vez, gera um efeito
positivo no comércio local, com um impacto indireto na economia da região. Para
que isso aconteça, porém, a cidade precisa de uma infraestrutura adequada. É
fundamental oferecer ciclovias e outros equipamentos que atendam aos desejos e
necessidades dos ciclistas.
Atualmente, nas cidades brasileiras, a infraestrutura
cicloviária é limitada. Equipamentos como paraciclos e bicicletários são raros.
Mesmo assim, o número de ciclistas cresce constantemente. Isso impulsiona o
desenvolvimento de um mercado e uma cadeia de suprimentos em torno da
bicicleta.
A Bicicleta como veículo e a barreira urbana
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) define a bicicleta
como um veículo de propulsão humana. Ela é diferente de motocicletas, motonetas
e ciclomotores. Longe de ser apenas um meio de lazer, a bicicleta é um veículo
que faz parte do sistema de circulação. Ela integra as relações urbanas e
sociais.
Apesar disso, grande parte do espaço urbano é dominada pelos
carros. Ruas, avenidas e estacionamentos são planejados para eles. Essa
prioridade cria barreiras para pedestres e ciclistas. Esse problema limita o
uso da bicicleta como transporte diário.
Este estudo busca preencher uma lacuna de conhecimento. O
foco é a análise das relações entre bicicleta e comércio. As primeiras
pesquisas sobre o tema surgiram na década de 2010. Elas foram feitas em
Amsterdã (Holanda), Nova Iorque (EUA) e Portland (EUA). No Brasil, comerciantes
geralmente resistem à ideia de remover vagas de estacionamento para construir
ciclovias. Eles temem que isso prejudique seus negócios. No entanto, os estudos
internacionais mostram o contrário. Investir em infraestrutura para bicicletas
traz impactos positivos para o comércio local.
Estudo de caso internacional e o cenário em Uberlândia
A experiência de outras cidades confirma esses benefícios.
Em cinco cidades americanas, por exemplo, negócios se expandiram rapidamente
após a implantação de ciclovias. Elas são: Austin (Texas), San Francisco
(Califórnia), Portland (Oregon), Chicago (Illinois) e Washington, D.C. Em Nova
Iorque, a 9ª Avenida é um exemplo notável. Após a construção de ciclovias, as
vendas no varejo aumentaram 49%. No resto de Manhattan, o crescimento foi de
apenas 3%.
A Universidade Estadual de Portland realizou um estudo sobre
o tema. A pesquisa analisou os gastos de consumidores e o modo de transporte
que eles usavam. O estudo revelou que há diferenças nos gastos médios dos
clientes, dependendo do meio de transporte. Contudo, essas diferenças diminuem
quando se consideram a demografia e outros detalhes da viagem. O estudo de
Portland sugere que o impacto econômico da bicicleta é um tópico importante
para ser discutido.
Em Uberlândia, a bicicleta nunca foi um meio de transporte
de massa. Relatos não acadêmicos indicam que, nas décadas de 70 e 80, mais
trabalhadores usavam a bicicleta para se locomover. Atualmente, a bicicleta é
usada para ir ao trabalho, à escola, visitar amigos e familiares, lazer e
entregas. Empresas de logística de bicicleta, como a BikeJet, já operam na
cidade. As bicicletas de carga continuam populares, especialmente em
supermercados de bairro e com vendedores ambulantes.
Apesar disso, os comerciantes de Uberlândia ainda resistem.
Eles não aceitam a redução de vagas de estacionamento para a criação de
ciclofaixas. Essa resistência foi notada no projeto de revitalização da Área
Central da cidade. Este estudo é uma primeira tentativa de responder a essas
questões. Ele busca entender a relação entre investimentos em infraestrutura
cicloviária e os impactos no comércio local.
O fluxo de ciclistas em Uberlândia: dados da pesquisa
A cidade de Uberlândia tem 82 km de ciclovias desconectadas.
Há pouca tradição em planejamento cicloviário. Em julho de 2016, a Prefeitura
iniciou o Plano Diretor Cicloviário. O trabalho foi, infelizmente, interrompido
em outubro do mesmo ano. A nova gestão municipal não deu continuidade ao
projeto.
Uma etapa importante do trabalho foi finalizada. Trata-se da
Contagem Volumétrica Classificada. A Secretaria de Trânsito e Transporte
(Settran) realizou a pesquisa. A parceria foi com instituições acadêmicas e da
sociedade civil. A pesquisa ocorreu entre 18 de julho e 02 de outubro de 2016.
A contagem foi feita das 6h às 18h, de segunda a sexta-feira. Foram registrados
29.357 ciclistas em 68 ruas e avenidas.
Os dados preliminares são reveladores. Eles mostram que os
deslocamentos de ciclistas ocorrem principalmente nos bairros. Eles vão para
áreas urbanas classificadas como subcentros, onde há comércio e serviços
básicos. Um número significativo de pessoas usa a bicicleta para ir ao
trabalho. Cerca de 9 mil pessoas são ciclistas entre 6h e 8h da manhã. É
importante notar que a contagem não incluiu os finais de semana.
Quadro 1 – Contagem Volumétrica de Ciclistas (18/07 a
13/09/2016)
| 
    Data  | 
   
    Local  | 
   
    Bairro  | 
   
    H  | 
   
    M  | 
   
    Total  | 
  
| 
   18/07/2016  | 
  
   AV. Rondon Pacheco – Viaduto Av. João Naves de Ávila  | 
  
   Tibery  | 
  
   784  | 
  
   185  | 
  
   969  | 
 
| 
   18/07/2016  | 
  
   Av. João Naves de Ávila - Viaduto  | 
  
   Tibery  | 
  
   543  | 
  
   30  | 
  
   573  | 
 
| 
   20/07/2016  | 
  
   AV. Rondon Pacheco  | 
  
   Tibery  | 
  
   535  | 
  
   61  | 
  
   596  | 
 
| 
   20/07/2016  | 
  
   AV. João Naves - Viaduto  | 
  
   Tibery  | 
  
   561  | 
  
   29  | 
  
   590  | 
 
| 
   21/07/2016  | 
  
   Av. Belarmino Cotta Pacheco  | 
  
   Santa Monica  | 
  
   136  | 
  
   24  | 
  
   160  | 
 
| 
   21/07/2016  | 
  
   Av. Ubiratan Honorio de Castro – com esquina da 9  | 
  
   Santa Monica  | 
  
   79  | 
  
   11  | 
  
   90  | 
 
| 
   21/07/2016  | 
  
   Av. Segismundo Pereira, esquina com antiga 14  | 
  
   Santa Monica  | 
  
   11  | 
  
   215  | 
  
   226  | 
 
| 
   22/07/2016  | 
  
   Av. Anselmo Alves dos Santos - proximo à prefeitura  | 
  
   Tibery  | 
  
   17  | 
  
   279  | 
  
   296  | 
 
| 
   22/07/2016  | 
  
   Av. Anselmo - Parque Sabiá  | 
  
   Santa Monica  | 
  
   282  | 
  
   19  | 
  
   301  | 
 
| 
   25/07/2016  | 
  
   Av. Aristides Fernandes  | 
  
   Alvorada  | 
  
   645  | 
  
   87  | 
  
   732  | 
 
| 
   25/07/2016  | 
  
   Av. Segismundo Pereira – Ceasa  | 
  
   Novo Mundo  | 
  
   569  | 
  
   19  | 
  
   588  | 
 
| 
   26/07/2016  | 
  
   Av. Santos Reis com rua Jeronimo  | 
  
   Morumbi  | 
  
   685  | 
  
   212  | 
  
   897  | 
 
| 
   27/07/2016  | 
  
   Av. Solidariedade rotaria Av. Santos Reis Ação Moradia  | 
  
   Integração  | 
  
   894  | 
  
   268  | 
  
   1162  | 
 
| 
   26/07/2016  | 
  
   Av. Antonio Jorge Isaac com Rua Espigão  | 
  
   Morumbi  | 
  
   815  | 
  
   218  | 
  
   1033  | 
 
| 
   28/07/2016  | 
  
   Av. Solidariedade com Nova Era  | 
  
   Integração  | 
  
   966  | 
  
   414  | 
  
   1380  | 
 
| 
   28/07/2016  | 
  
   Av. Solidariedade com Av. João Azevedo Costa  | 
  
   Integração  | 
  
   1173  | 
  
   197  | 
  
   1370  | 
 
| 
   29/07/2016  | 
  
   Av. Antonio Thomaz Rezende  | 
  
   Umuarama  | 
  
   176  | 
  
   6  | 
  
   182  | 
 
| 
   29/07/2016  | 
  
   Cruzamento Av. Comendador Alexandrino com José Andradus
  Gassani  | 
  
   Minas Gerais  | 
  
   397  | 
  
   40  | 
  
   437  | 
 
| 
   01/08/2016  | 
  
   Av. Floriano Peixoto com BR 050  | 
  
   Brasil  | 
  
   205  | 
  
   5  | 
  
   210  | 
 
| 
   01/08/2016  | 
  
   Av. Monsenhor Eduardo com Com. Alexandrino Garcia  | 
  
   Marta Helena  | 
  
   264  | 
  
   10  | 
  
   274  | 
 
| 
   02/08/2016  | 
  
   Av. João Pessoa – viaduto Atacadão  | 
  
   Roosevelt  | 
  
   285  | 
  
   18  | 
  
   303  | 
 
| 
   02/08/2016  | 
  
   Av. Afonso Pena com rua Cel.Antonio Alves  | 
  
   Centro  | 
  
   164  | 
  
   6  | 
  
   170  | 
 
| 
   04/08/2016  | 
  
   Av. Raulino Cotta Pacheco com Av. Fernando Vilela  | 
  
   Martins  | 
  
   139  | 
  
   8  | 
  
   147  | 
 
| 
   04/08/2016  | 
  
   Av. Getúlio Vargas com Av. Marcos de Freitas  | 
  
   Tabajaras  | 
  
   178  | 
  
   6  | 
  
   184  | 
 
| 
   05/08/2016  | 
  
   Avenida Floriano Peixoto com Av. João Naves de Ávila  | 
  
   Centro  | 
  
   224  | 
  
   11  | 
  
   235  | 
 
| 
   05/08/2016  | 
  
   Av. João Pessoa com João Pinheiro  | 
  
   Centro  | 
  
   200  | 
  
   11  | 
  
   211  | 
 
| 
   08/08/2016  | 
  
   Av. Silvio Rugani-Ponte Praia  | 
  
   Tubalina  | 
  
   355  | 
  
   21  | 
  
   376  | 
 
| 
   08/08/2016  | 
  
   Av. João Naves de Ávila com Av. João Mendes - OD  | 
  
   Pampulha  | 
  
   331  | 
  
   32  | 
  
   348  | 
 
| 
   09/08/2016  | 
  
   Uai Roosevelt  | 
  
   Roosevelt  | 
  
   227  | 
  
   20  | 
  
   247  | 
 
| 
   09/08/2016  | 
  
   Praça Paris  | 
  
   Roosevelt  | 
  
   291  | 
  
   20  | 
  
   311  | 
 
| 
   10/08/2016  | 
  
   Av.Seme Simão com Av. Continental  | 
  
   São Jorge  | 
  
   349  | 
  
   50  | 
  
   399  | 
 
| 
   10/08/2016  | 
  
   Av. Getulio Vargas com Oscar Gomes  | 
  
   Tubalina/Planalto  | 
  
   300  | 
  
   17  | 
  
   317  | 
 
| 
   11/08/2016  | 
  
   Av. Seme Simão com Raul Petronilho  | 
  
   São Jorge  | 
  
   360  | 
  
   41  | 
  
   401  | 
 
| 
   11/08/2013  | 
  
   Av. Getulio Vargas com Olimpio de Freitas  | 
  
   Jardim Das Palmeiras  | 
  
   366  | 
  
   57  | 
  
   423  | 
 
| 
   12/08/2016  | 
  
   Av. Indaia com rua da Secretaria  | 
  
   Planalto  | 
  
   280  | 
  
   20  | 
  
   300  | 
 
| 
   12/08/2016  | 
  
   Av. Saldanha Marinho co Av. Geraldo Abrão - OD  | 
  
   Pampulha/Santa Luzia  | 
  
   422  | 
  
   26  | 
  
   448  | 
 
| 
   16/08/2016  | 
  
   Av. Missipi com Av. José Fonseca e Silva  | 
  
   Mansour  | 
  
   352  | 
  
   40  | 
  
   392  | 
 
| 
   16/08/2016  | 
  
   Av. Seme Simão com Av. Iraque  | 
  
   São Jorge  | 
  
   133  | 
  
   8  | 
  
   141  | 
 
| 
   17/08/2016  | 
  
   Av. dos Pássaros com a Rua dos rua dos Periquitos  | 
  
   Jardim Das Palmeiras  | 
  
   240  | 
  
   65  | 
  
   305  | 
 
| 
   17/08/2016  | 
  
   Av. Paes Leme com Av. Vasconcelos Costa  | 
  
   Martins  | 
  
   70  | 
  
   0  | 
  
   70  | 
 
| 
   18/08/2016  | 
  
   - Av. Afrânio Rodrigues da Cunha com rua Coronel Severiano  | 
  
   Tabajaras  | 
  
   106  | 
  
   3  | 
  
   109  | 
 
| 
   18/08/2016  | 
  
   Av. Afonso Pena com Rua Curitiba  | 
  
   Brasil  | 
  
   89  | 
  
   5  | 
  
   94  | 
 
| 
   19/08/2016  | 
  
   Rua do Advogado com Rua da Enfermeira  | 
  
   Jardim Das Palmeiras  | 
  
   313  | 
  
   79  | 
  
   392  | 
 
| 
   22/08/2016  | 
  
   Av. José Fonseca e Silva com AV. Aspirante Mega  | 
  
   Jardim Patrícia  | 
  
   86  | 
  
   33  | 
  
   119  | 
 
| 
   22/08/2016  | 
  
   Av. Imbaúbas com rua Joaquim Leal de Camargos  | 
  
   Planalto  | 
  
   411  | 
  
   29  | 
  
   440  | 
 
| 
   23/08/2016  | 
  
   Av. José Fonseca e Silva com Rua Genarino Cazabona  | 
  
   Luizote De Freitas  | 
  
   474  | 
  
   30  | 
  
   504  | 
 
| 
   23/08/2016  | 
  
   Av. Cel. José Teófilo Carneiro com rua do Níquel  | 
  
   São José  | 
  
   220  | 
  
   9  | 
  
   229  | 
 
| 
   24/08/2015  | 
  
   Posto Espigão – Rodovia 365  | 
  
   Vila Carneiro/Martins  | 
  
   304  | 
  
   2  | 
  
   306  | 
 
| 
   24/08/2016  | 
  
   Av. Dr. Arnaldo Godoy de Souza com Av. Silvio Rugani  | 
  
   Tubalina  | 
  
   175  | 
  
   16  | 
  
   181  | 
 
| 
   25/08/2016  | 
  
   Av. Sândalo com AV. Francisco Belorio  | 
  
   Jaraguá  | 
  
   251  | 
  
   27  | 
  
   278  | 
 
| 
   25/08/2016  | 
  
   Av. Francisco Galassi com Av. Liberdade  | 
  
   Altamira  | 
  
   102  | 
  
   8  | 
  
   110  | 
 
| 
   26/08/2016  | 
  
   Av. Antônio Jorge Isaac com a Rua Tamanduá  | 
  
   Morumbi  | 
  
   635  | 
  
   80  | 
  
   715  | 
 
| 
   29/08/2016  | 
  
   Av. Aldo Borges Leão – Emei Freitas Azevedo  | 
  
   Morada Nova  | 
  
   397  | 
  
   122  | 
  
   519  | 
 
| 
   29/08/2016  | 
  
   Av. Jerusalém com Av. Babel  | 
  
   Canaã  | 
  
   487  | 
  
   73  | 
  
   560  | 
 
| 
   30/08/2016  | 
  
   Rua Simão Pedro com Constelação  | 
  
   Pacaembu  | 
  
   285  | 
  
   38  | 
  
   323  | 
 
| 
   30/08/2016  | 
  
   Av. Rural com Mercurio  | 
  
   Jardim Brasília  | 
  
   204  | 
  
   29  | 
  
   233  | 
 
| 
   01/09/2016  | 
  
   Av. Rural com Av. Constelação  | 
  
   Jardim Brasília  | 
  
   371  | 
  
   29  | 
  
   400  | 
 
| 
   01/09/2016  | 
  
   Av. Balaiadas com Elis Regina  | 
  
   Liberdade  | 
  
   280  | 
  
   20  | 
  
   300  | 
 
| 
   02/08/2016  | 
  
   Av. João Naves de Ávila com Av. Cesário Alvim  | 
  
   Centro  | 
  
   584  | 
  
   34  | 
  
   612  | 
 
| 
   02/09/2016  | 
  
   Av. Fernando Vilela com Av. João Pessoa  | 
  
   Centro  | 
  
   376  | 
  
   6  | 
  
   382  | 
 
| 
   05/09/2016  | 
  
   Av. Solidariedade com Santos Reis  | 
  
   Integração  | 
  
   1268  | 
  
   683  | 
  
   1951  | 
 
| 
   06/09/2016  | 
  
   Av. Zulma de Oliveira  | 
  
   Integração  | 
  
   452  | 
  
   68  | 
  
   520  | 
 
| 
   09/09/2016  | 
  
   Av. Taylor Silva com Av. Classic  | 
  
   Tocantins  | 
  
   360  | 
  
   42  | 
  
   402  | 
 
| 
   12/09/2016  | 
  
   Rua Geralda Francisca com Serra da Mantiqueira  | 
  
   São Gabriel  | 
  
   659  | 
  
   132  | 
  
   791  | 
 
| 
   12/09/2016  | 
  
   Av. Dr. Laerte Vieira Gonçalves com João Balbino  | 
  
   Santa Monica  | 
  
   135  | 
  
   12  | 
  
   147  | 
 
| 
   13/09/2016  | 
  
   Av. José Maria Ribeiro com Felipe Calixto Milken  | 
  
   Morumbi  | 
  
   398  | 
  
   264  | 
  
   606  | 
 
| 
   13/09/2016  | 
  
   Alameda Arnold de Almeida  | 
  
   Pampulha  | 
  
   300  | 
  
   40  | 
  
   340  | 
 
| 
   TOTAL GERAL  | 
  
   24.725  | 
  
   4.719  | 
  
   29.357  | 
 
Fonte: SETTRAN – Comissão de Elaboração do Plano Diretor
Cicloviário, 2016. Organização do autor.
Análise dos Deslocamentos dos Ciclistas e sua Relação com
o Comércio Local
Os maiores fluxos de ciclistas foram registrados no Setor
Leste da cidade. As avenidas Solidariedade, Antônio Jorge Isaac, Santos Reis,
Aristides Fernandes e Zulma Costa de Oliveira se destacam. No Setor Sul, os
bairros São Jorge, Grande e Seringueiras também apresentam grande movimento.
São eles a Av. Seme Simão e a Rua Geralda Francisca.
Já no Setor Oeste, o fluxo de ciclistas é menor. No entanto,
é superior ao do Setor Central. Isso sugere deslocamentos internos aos bairros.
Exemplos são as ruas do Advogado, da Enfermeira e a Av. Imbaúbas. No Setor
Norte, o fluxo também é mais baixo que nos setores Leste, Oeste e Sul. Exemplos
são a Rua Simão Pedro e a Av. Monsenhor Eduardo.
A Avenida Solidariedade merece atenção especial. A contagem
foi feita em três pontos diferentes. O total somou 4.483 ciclistas. A projeção
mensal chega a 134.490 viagens. Se comparado aos fluxos de outras avenidas,
como a Zulma Costa de Oliveira e a Aristides Fernandes, que levam a áreas de
trabalho, a conclusão é clara. A maioria dos deslocamentos na Av. Solidariedade
tem como destino o comércio e serviços locais. Eles também vão para escolas do
bairro e visitam familiares.
A importância do comércio é algo antigo. Desde os tempos
remotos, o comércio e a troca são aspectos vitais da vida social. "Existe,
portanto, uma relação umbilical entre comércio e as demais atividades sociais
que, raras vezes, foi rompida" (VARGAS, 2001, p. 20). As pessoas precisam
de mobilidade para acessar o comércio. Elas se movem a pé, de bicicleta ou em
veículos motorizados.
A Bicicleta e a Estrutura Urbana
As relações espaciais e a bicicleta se integram na estrutura
urbana. Essa estrutura é um sistema. "A alteração de um elemento ou de uma
relação altera todos os demais elementos e todas as demais relações"
(VILAÇA, 2001, p. 12). Os elementos incluem o centro da cidade, os subcentros,
os bairros integrados, os setores, as áreas industriais e as grandes avenidas
comerciais.
Também existem os núcleos de atratividade. Eles não são
subcentros, pois não têm a mesma estrutura de comércio e serviços. No entanto,
geram grande fluxo e demanda. A Avenida Solidariedade no bairro Integração é um
bom exemplo. A estrutura urbana é composta por sistemas de transporte,
saneamento e comunicação. Ela é socialmente produzida. Além disso, ela reage
sobre o social.
Este projeto busca identificar os movimentos dos ciclistas.
O foco é entender como eles se deslocam para o comércio. A pesquisa analisa a
acessibilidade aos prédios comerciais. Ela também investiga as relações sociais
com os comerciantes. Queremos saber se há facilidades para os ciclistas. Além
disso, a estrutura urbana das vias com lojas é um ponto de análise. O objetivo
final é relacionar esses movimentos com a estrutura territorial da cidade.
Existem diferenças nas relações de consumo entre o centro e
os bairros periféricos? Como se distribui a frequência de deslocamento dos
ciclistas para o comércio e outros serviços? Essas são perguntas essenciais.
Acessibilidade e o desafio da mobilidade
Vilaça (1968), citado por Vargas (2001, p. 49), entende que
a atividade econômica está ligada ao espaço. A localização de uma empresa é
definida por atributos territoriais. Esses atributos definem as possibilidades
de conexão com outros pontos. Assim, a pesquisa analisa as mudanças econômicas
e a relação entre comércio e bicicleta. O ciclista é o foco central, como
agente e usuário de um veículo não motorizado.
A forma do espaço urbano é determinada pelo movimento
humano. As pessoas se movem como trabalhadores ou consumidores. A bicicleta
fortalece essa relação entre o social e o espacial. A questão que surge é: qual
é a forma específica de articulação espacial? Ela determina as condições de
acesso dos ciclistas ao comércio. Afinal, o sistema viário atual prioriza o
automóvel.
A arquitetura, a localização urbana e as condições de
deslocamento são elementos cruciais. Além disso, os fundamentos do uso do solo
em Uberlândia são importantes. Harvey (1982, p. 375) diz que o espaço é um
atributo material dos valores de uso. Então, qual é o espaço do ciclista no
comércio da cidade? Onde a bicicleta interfere nessas relações espaciais?
A capacidade de o ciclista se deslocar para o comércio está
ligada a necessidades sociais. Ela depende da estrutura do território. "A
acessibilidade é mais vital na produção de localizações do que a
disponibilidade de infraestrutura" (VILAÇA, 2001, p. 23). Isso pode
explicar por que tantos ciclistas se movem na Avenida Solidariedade. Eles têm
acessibilidade a locais de compra, mesmo sem uma infraestrutura cicloviária
adequada.
As diversas atividades comerciais (padarias, supermercados,
lojas de roupas) geram um fluxo diário de pessoas. Nesses locais, a mobilidade
é feita principalmente a pé ou de bicicleta. No entanto, o fluxo de carros e
motos também é intenso.
Descentralização e o espaço viário
A descentralização das atividades comerciais teve dois
efeitos. Primeiro, o tempo de deslocamento se manteve estável. Em segundo
lugar, o deslocamento se tornou mais longo para quem usa carro ou transporte
público. Isso ocorre por causa das dificuldades de estacionamento. Além disso,
o sistema viário de bairros como Jardim das Palmeiras, Morumbi e outros
subcentros é precário.
Mesmo que o ciclista precise dividir o espaço com os carros,
ele tem uma vantagem. Ele consegue usar rotas alternativas e chegar ao destino
com mais agilidade. A importância espacial de cada meio de transporte muda com
a densidade. A densidade é um gradiente. Os anéis de mobilidade mostram como a
importância de cada modalidade varia. Cada meio de transporte tem um consumo de
espaço único. O carro ocupa mais espaço, tanto em movimento quanto parado. Os
fluxos de bicicletas, por outro lado, usam menos espaço nas vias.
A bicicleta é uma solução para a mobilidade urbana. A
pesquisa mostra que ela pode impulsionar o comércio. Para que isso aconteça, é
preciso um planejamento urbano que priorize as pessoas e não apenas os carros.
Conclusão e próximos passos
Neste artigo, baseado minhas pesquisas e estudo, destaquei a importância da bicicleta. Ela não é apenas um meio de transporte sustentável.
Ela é um agente de transformação econômica e social. A pesquisa em Uberlândia,
com a Contagem Volumétrica, oferece dados concretos. Eles mostram o potencial
de deslocamentos em bairros e subcentros. A resistência de comerciantes é um
obstáculo real. Contudo, os exemplos internacionais provam que essa resistência
pode ser superada. Investir em ciclovias e infraestrutura traz benefícios para
todos.
A acessibilidade e a estrutura urbana são pontos-chave. A
bicicleta se encaixa perfeitamente na dinâmica dos bairros. Ela promove o
comércio local e a economia. Os ciclistas são consumidores. Eles merecem um
espaço seguro e funcional na cidade. O futuro do planejamento urbano de
Uberlândia deve considerar a bicicleta.
A pesquisa continua. A meta é aprofundar a análise.
Precisamos entender as diferenças de consumo entre ciclistas do centro e da
periferia. A distribuição da demanda também é crucial. Esses insights ajudarão
a criar políticas públicas mais eficazes. Elas vão beneficiar ciclistas,
comerciantes e toda a população de Uberlândia. A bicicleta é um caminho para
uma cidade mais humana e próspera.
Referências
CAMPOS FILHO, C.M. Reinvente seu bairro: caminhos para você
participar do planejamento da sua cidade. São Paulo: Editora 34, 2003.
CLIFTON, K. J. Pedestrian Demand Model for Evaluating
Pedestrian Risk Exposure. University of Maryland, 2008.
RODRIGUE, J.-P;
COMTOIS, C.; Slack, B. The geography of
transport systems. Canada: Taylor & Francis e-Library, 2006.
VARGAS, H. C. Espaço Terciário: o lugar, a arquitetura e
a imagem do comércio. São Paulo: Ed. SENAC, 2001.
VARGAS, H. C. O comércio e os serviços varejistas:
principais agentes e sua inserção urbana. Publicado na revista .GEOUSP
Espaço e Tempo. N 8 FFLCH-USP /Humanitas, p 77-87.dezembro/2000.
VILLAÇA, F. Espaço intra-urbano no Brasil. São
Paulo: Studio Nobel: FAPESP, Lincoln institute, 2017, 2ª Ed.
VARGAS, H. C. O comércio varejista e políticas urbanas:
uma difícil conversa. Publicado na revista SINOPSES . São Paulo: FAUUSP . n
34. p20-30 abril de 2001

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