O enfraquecimento do Estado, a desorganização
social e a ênfase na vida material aumentam os sentimentos coletivos de falta
de proteção e abandono que levam muitas pessoas para o misticismo, enquanto
outras permanecem totalmente descrentes. O individualismo predatório mina as
bases mais sólidas da vida em sociedade, a solidariedade grupal, os laços de
família e de vizinhança. Esse processo corrosivo provoca sérios danos morais e
materiais à comunidade humana.
A expansão das fronteiras do conhecimento
racional e a crença incondicional de que a tecnologia pode resolver todos os
problemas enfrentados pelo ser humano é um ponto sensível que se confunde com a
laicização e a especialização excessiva e com a perda de referências humanas e
afetivas. Problemas e situações como a manipulação genética, as armas de
extermínio, os resíduos perigosos, os transplantes de órgãos, e, especialmente,
a devastação ambiental, impõem uma ética entre gerações cuja consequência exige
extrema responsabilidade e precaução.
A prosperidade material se fez acompanhar - como
já ocorreu em outras civilizações do passado - de um profundo vazio moral. Mas
o fato novo foi a crise ecológica e a possibilidade de esgotamento de nossos
recursos naturais, comprometendo a continuidade da vida. A Agenda 21 propõe a
pedagogia da sustentabilidade como modeladora dos códigos éticos do século XXI.
Surge, portanto, a partir dessas grandes lacunas,
a ideia-força de uma civilização planetária, ligada a uma sociedade mundial que
comungue dos mesmos ideais de celebração da vida, da solidariedade, da justiça
e em torno de temas que afetam todos os seres humanos: a alimentação, a água, o
ar, a saúde, a moradia, a educação, a segurança, a comunicação. Essa
dependência comum das fontes naturais e sociais da existência exige uma nova
ética do cuidado, proposta por Leonardo Boff, um dos redatores da Carta da
Terra, junto com o sentido de compaixão.
Portanto, nesta perspectiva, seguindo a
proposições de Paulo Freire e Moacir Gadotti, o Movimento Cidade Futura
se engajou na promoção da pedagogia da sustentabilidade. Com esta Pedagogia da
Sustentabilidade vamos construir os alicerces de uma cidade educadora,
onde irá prevalecer a sustentabilidade no processo de seu desenvolvimento. Para
tanto, devemos aprofundar as discussões em torno do conceito de solidariedade
cidadã, pedagogia comunitária e gestão participativa, construindo uma Ética por
meio da qual todos os cidadãos saibam relacionar-se conscientemente com a
natureza e com os outros na cidade futura.
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