A ciência política, tal como a conhecemos hoje, é o
resultado de uma fascinante e complexa trajetória que se estende por milênios,
desde as indagações filosóficas da antiguidade até a rigorosa análise empírica
contemporânea. Longe de ser uma disciplina monolítica, sua evolução foi marcada
por transformações profundas, embates metodológicos e a incessante busca por
compreender as intrincadas dinâmicas do poder, da governança e da vida em
comunidade. Este artigo explora essa jornada, desde as raízes intelectuais que
a nutriram até sua consolidação como um campo de estudo autônomo e
multifacetado.
A tradição intelectual que precede o surgimento formal da
ciência política é vasta e diversificada, abarcando pensadores que, de
diferentes épocas e perspectivas, se debruçaram sobre a organização social e o
exercício do poder. Platão e Aristóteles, na Grécia Antiga, são frequentemente
citados como os pilares dessa tradição. Platão, em sua "República",
concebeu um Estado ideal governado por filósofos-reis, enquanto Aristóteles, em
"A Política", empreendeu uma análise empírica das constituições de
diversas cidades-estado, classificando formas de governo e explorando suas
virtudes e vícios. Essa abordagem comparativa de Aristóteles é, em muitos
aspectos, um precursor da análise política moderna.
Séculos depois, as doutrinas do Estado e do direito dos
advogados romanos contribuíram significativamente para a compreensão das
estruturas legais e administrativas, fundamentais para a organização política.
Durante a Idade Média, o pensamento político esteve intrinsecamente ligado à
teologia, mas o Renascimento marcou um ponto de virada com figuras como Nicolau
Maquiavel. Sua obra "O Príncipe", ao focar na realidade nua e crua do
poder e da estratégia política, independentemente de considerações morais, representa
um marco no que viria a ser o "realismo" político. Maquiavel rompeu
com a visão normativa e idealizada da política, priorizando a observação dos
fatos e a eficácia na ação governamental.
No século XVI, Jean Bodin desenvolveu a teoria da soberania,
um conceito crucial para a compreensão do Estado moderno e da autoridade
centralizada. Já no século XVIII, Charles-Louis de Montesquieu, com sua
doutrina da separação de poderes, ofereceu um modelo de governo que buscava
evitar a tirania e garantir a liberdade, influenciando profundamente as
constituições de diversas nações, incluindo os Estados Unidos.
Apesar da riqueza desses pensamentos, o conhecimento
político permaneceu, por séculos, entrelaçado com a filosofia, o direito e a
história. A transição para uma disciplina independente exigiu a
institucionalização do conhecimento político, a formação de um campo
independente de pesquisa e o desenvolvimento de métodos específicos de análise.
O surgimento da ciência política como uma ciência autônoma e
uma atividade profissional é comumente associado ao final do século XIX. Embora
haja debates sobre a data exata, muitos pesquisadores consideram 1880 um ano
emblemático. Foi nesse ano que o Conselho de Administração do Columbia College
(futura Columbia University), por iniciativa de J. Burgess, decidiu criar a Escola
Superior de Ciência Política. Essa iniciativa marcou um passo decisivo na
formalização do estudo político nos Estados Unidos. O professor F. Liber,
também da Columbia University, é por alguns considerado o "fundador do
estudo sistemático da política nos Estados Unidos", solidificando a
reputação da instituição como um berço da disciplina. A vitalidade dessa nova
área foi rapidamente demonstrada: já em 1886, a primeira publicação seriada
sobre ciência política, o Quarterly of Political Science, começou a ser
publicada sob os auspícios da Universidade de Columbia.
O ímpeto para a institucionalização continuou a crescer. Em
1889, como resultado do trabalho ativo de cientistas políticos americanos, foi
formada a Academia Americana de Ciências Políticas e Sociais. Sua
criação não foi um esforço isolado, mas sim a convergência de interesses de
representantes de diversas áreas – jurisprudência, história, filosofia e,
claro, a emergente ciência política. Essa colaboração interdisciplinar reflete
a natureza embrionária da disciplina, que ainda buscava sua identidade e limites.
O ápice dessa fase de institucionalização ocorreu em 1903,
com a fundação da American Political Science Association (APSA). A razão
para seu surgimento pode ser atribuída, em grande parte, ao processo de
dissociação da ciência política de outras ciências sociais. A APSA desempenhou
um papel crucial na consolidação da ciência política como um campo independente
de conhecimento científico, fornecendo uma plataforma para a troca de ideias, a
pesquisa e a formação de uma comunidade acadêmica dedicada.
No último terço do século XIX e início do século XX, a
ciência política emergente estava fortemente associada à pesquisa filosófica,
jurídica e histórica. A declaração do cientista inglês E. Freeman, "A
história é a política do passado e a política é a história do presente", é
bastante característica desse período, ilustrando a íntima ligação entre as
duas disciplinas. J. Burgess, um dos pioneiros, argumentava que a ciência
política "contém um elemento de proposição filosófica que, se verdadeira,
prenuncia a história". Ele via a disciplina como uma ponte entre os fatos
políticos, a causa política e o conhecimento de ideais políticos não
realizados, que, uma vez expressos como princípios, se tornavam artigos de
credo político e, finalmente, leis e instituições.
Em 1904, F. Goodnow, então presidente da American Political
Science Association, observou que a ciência política deveria estudar o Estado e
a "vontade do Estado", bem como as autoridades que implementavam essa
vontade. Essa perspectiva destacava o foco nas instituições formais do
governo.
Descrevendo os fundamentos metodológicos da ciência política
nesse período inicial, o cientista político americano D. Easton observou que
"os cientistas políticos partiram do pressuposto de uma correspondência
quase completa entre as disposições constitucionais e legais relativas aos
direitos e privilégios dos detentores de cargos públicos e suas ações políticas
reais". Este período é, de fato, frequentemente designado como institucional.
A ciência política, nessa fase, tinha um caráter predominantemente normativo,
buscando descrever como as instituições deveriam funcionar e quais seriam as
melhores formas de governo.
No entanto, mesmo nesse estágio inicial, uma conexão com os
problemas práticos enfrentados pela sociedade e pelo Estado começou a nascer e
se fortalecer. F. Goodnow, por exemplo, reconhecia que "todo sistema de
governo é baseado em um sistema mais ou menos bem desenvolvido teoria".
Essa percepção indicava um reconhecimento crescente de que a teoria política
não era meramente especulativa, mas possuía implicações para a prática
governamental.
Com o desenvolvimento da ciência política, tornou-se
evidente que a descrição normativa das instituições políticas era insuficiente
para revelar muitas das causas e mecanismos de seu funcionamento real. O
cientista político americano R. Makridis chamou a atenção para o fato de que a
abordagem tradicional se concentrava nas instituições formais da administração
pública, deixando de lado as estruturas informais da sociedade e da
política, que muitas vezes desempenhavam um papel tão ou mais importante do que
as estruturas formais. Sob essa perspectiva, não era possível determinar quais
fatores não políticos afetavam o funcionamento das instituições políticas.
No final do século XIX, pioneiros como o cientista inglês W.
Bagehot e o professor americano W. Wilson (que viria a ser presidente dos EUA)
começaram a desvendar que, dentro das instituições oficiais, existiam várias
formas de comportamento informal que afetavam significativamente o
processo de tomada de decisão política. Essa percepção abriu as portas para uma
investigação mais aprofundada da política como ela realmente acontecia, e não
apenas como era formalmente concebida.
Novas abordagens, com uma orientação não sobre os aspectos
jurídicos e históricos da vida política, mas sobre seus mecanismos, muitas
vezes "escondidos de olhares indiscretos", também surgiram na ciência
europeia. As obras de Vilfredo Pareto sobre a elite dominante e Gaetano Mosca
sobre a classe dominante, Max Weber sobre a dominação legítima, Robert Michels
e Moisei Ostrogorsky sobre os partidos políticos, tornaram-se um poderoso
ímpeto para novas pesquisas políticas e entraram para o "fundo de
ouro" do pensamento político. Esses pensadores, muitas vezes sociólogos ou
economistas de formação, trouxeram lentes analíticas inovadoras para o estudo
do poder.
Mesmo antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, estudos de
comportamento eleitoral foram realizados na Europa: na França por André
Siegfried e Maurice Duverger, na Suécia por Gunnar Tingsten. Suas pesquisas
eram, em sua maioria, informais e inovadoras para a época, sinalizando uma
mudança gradual para o estudo do comportamento individual e coletivo na
política. É importante notar a influência europeia nesse processo:
historiadores da ciência política, como G. Almond, observam que muitos
"fundadores da ciência política americana - W. Wilson, F. Goodnow, C.
Merriam - receberam sua educação na Europa ou, depois de se formarem em
instituições de ensino superior por vários anos, continuaram a melhorar suas
qualificações em universidades europeias, principalmente na Alemanha".
Nos Estados Unidos, na década de 1920, o behaviorismo
emergiu como uma nova e transformadora abordagem para a pesquisa política. Seu
surgimento foi uma verdadeira revolução na ciência política, deslocando o foco
da disciplina das instituições formais para o comportamento político
observável. O behaviorismo se desenvolveu principalmente no âmbito da Escola
de Chicago, uma cidade que, na década de 1920, era um palco vívido e
contrastante de problemas sociais e políticos. Essa realidade urbana e suas
complexidades impulsionaram um grupo de cientistas da Universidade de Chicago a
voltar sua atenção para o estudo dos aspectos reais do processo político.
O líder reconhecido desse grupo foi Charles Merriam
(1874-1953), amplamente considerado não apenas um dos "pais" da
ciência política moderna, mas também o fundador do behaviorismo. Merriam e seus
colegas defendiam que o behaviorismo colocava os fatos políticos no centro da
pesquisa, e o comportamento de indivíduos específicos na política era o fato
político fundamental a ser estudado. Em 1925, Merriam afirmou profeticamente:
"Chegará o dia em que adotaremos uma abordagem diferente da formal, como
fazem outras ciências, e consideraremos o comportamento político como um dos
importantes objetos de pesquisa". Os behavioristas investigaram tanto o
comportamento em estruturas formais quanto em grupos informais, buscando
padrões e regularidades.
Merriam, em sua obra "Four American Party Leaders"
(1926), realizou uma análise comparativa detalhada das biografias políticas de
figuras como A. Lincoln, T. Roosevelt, W. Wilson e W.-J. Bryan. Esse trabalho
se tornou a base para o estudo das origens de sua liderança, dos motivos de seu
comportamento, do estilo de tomada de decisão e da natureza das relações
interpessoais. Ele tentou derivar a estrutura das relações políticas da
essência "natural" do homem, evidenciando uma busca por princípios
gerais do comportamento político.
Quatro anos depois, o aluno de Merriam, Harold Lasswell
(1902-1978), publicou o influente estudo "Psicopatologia e Política"
(1930). Lasswell, um intelectual multifacetado (advogado, sociólogo e professor
de direito e ciência política na Universidade de Yale), buscou identificar os
motivos inconscientes do comportamento dos líderes com base na abordagem
freudiana, adicionando uma dimensão psicológica à análise política. Lasswell
foi um dos primeiros a estudar o impacto da propaganda política no comportamento
político e a prestar atenção especial à divulgação e reprodução dos símbolos do
poder pela mídia, utilizando pioneiramente o método de análise de conteúdo.
A Escola de Chicago foi dominante no período entre as duas
guerras mundiais, não apenas na ciência política, mas também em sociologia,
antropologia, psicologia e economia. Essa interconexão entre as escolas de
Chicago resultou em muitos estudos interdisciplinares, enriquecendo a pesquisa
política.
Sob a influência da Escola de Chicago, estabeleceu-se uma
tendência positivista na ciência política, marcada por traços do cientificismo.
Esse desejo de identificar leis fundamentais na política levou W. Monroe a
defender que os cientistas políticos deveriam usar "a metodologia e a
objetividade dos cientistas" e evitar uma aliança metodológica com
filósofos e sociólogos. J. Catlin (1896-1975) ecoou essa visão, argumentando
que a ciência política deveria fazer previsões precisas e fazer julgamentos
como "se for feito, vai acontecer". Catlin acreditava que a
"abordagem de valor" dificultava a consecução desse objetivo e, em
seu livro "The Science and Method of Politics" (1927), ele se opôs
fortemente a todos os julgamentos de valor, enfatizando o desenvolvimento de
métodos e técnicas de pesquisa.
A pesquisa dos representantes da escola de Chicago
contribuiu significativamente para o desenvolvimento e uso de métodos de matematização
e quantificação. A quantificação, nesse contexto, significa a transformação
de observações em dados quantitativos para análise e comparação, buscando
descobrir e fazer afirmações precisas sobre relacionamentos e repetibilidade.
As medições visavam ser a base para conclusões objetivas, ajudando a
identificar semelhanças e diferenças entre indicadores e, em seguida, entender
as causas dos fenômenos.
No entanto, a reação ao desenvolvimento da tendência
científica na ciência política foi o anticientificismo. Essa tendência
foi representada nas obras de W. Elliot ("Pragmatic Rebellion in
Politics", 1928, e "The Possibilities of the Science of
Politics") e W. Munro e J. Catlin (1930). O método de análise neutra em
termos de valor na política foi particularmente atacado. E. Corwin criticou o
cientificismo pela absolutização das aberturas técnicas. C. Beard acreditava
que o cientificismo minava o espírito criativo da ciência política, uma vez que
estudos que acumulavam grandes quantidades de dados eram unilaterais e se
afastavam de generalizações amplas, julgamentos ousados e "grandes
assuntos políticos", deixando de lado a análise das forças motrizes e de
todo o espectro da esfera subjetiva.
Na década de 1930, em conexão com o estabelecimento de
ditaduras na Europa (Espanha, Itália, Alemanha), muitos cientistas que mais
tarde se tornaram clássicos da ciência política, como Herbert Marcuse, Karl
Mannheim, Erich Fromm, Hannah Arendt e outros, migraram para a América. A
ciência política europeia não se desenvolveu na prática na década de 1930 e
durante a Segunda Guerra Mundial, em contraste com a efervescência americana.
Nas décadas do pós-guerra, houve um rápido desenvolvimento
da ciência política tanto na América quanto na Europa Ocidental. Após a Segunda
Guerra Mundial, a democratização na Europa e a formação de uma sociedade aberta
reavivaram o interesse pela ciência política em muitos países europeus. A
sociedade e a política demandavam estudos dos processos políticos, a adoção de
decisões políticas e o desenvolvimento de políticas eficazes.
Especialistas americanos participaram ativamente do
renascimento da ciência política europeia no pós-guerra. Eles ensinaram a
jovens cientistas europeus novos métodos e técnicas de pesquisa e os
apresentaram às conquistas da ciência política da última década. Numerosas
fundações americanas, como Ford, Carnegie, Rockefeller e Melon, contribuíram
significativamente para isso, financiando pesquisas e programas educacionais.
Antigas universidades foram restauradas e, na década de 1970, com a ajuda da
Fundação Ford, foi criado o Consórcio Europeu de Pesquisa Política (ECPR),
que contribuiu para o ensino e disseminação da metodologia em escolas de verão
e a organização de pesquisas conjuntas.
A Comissão das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO) desempenhou um papel importante na institucionalização e
fortalecimento da ciência política. Em 1948, o Colóquio Internacional de
Ciência Política, realizado em Paris, adotou um documento recomendatório sobre
o conteúdo e as principais direções de seu desenvolvimento, destacando os
seguintes componentes:
- Teoria
política
- Instituições
políticas
- Partidos,
grupos e opinião pública
- Relações
internacionais
Um ano depois, a Associação Internacional de Ciência
Política (IPSA) foi criada no âmbito da UNESCO, desempenhando um papel
inestimável no desenvolvimento global da ciência política. Associações
nacionais de ciência política foram estabelecidas em muitos países europeus,
replicando o sucesso da APSA nos Estados Unidos. Gradualmente, a ciência
política foi incorporada aos currículos universitários, e graus de bacharelado,
mestrado e doutorado em ciência política começaram a ser oferecidos, formando
uma nova geração de especialistas.
O behaviorismo permaneceu a principal tendência
metodológica nas décadas de 1940 e 1960. Essa tendência surgiu como uma reação
à insatisfação com os resultados da ciência política tradicional, cujas
abordagens históricas e descritivo-institucionais eram consideradas insuficientes
para explicar a complexidade do comportamento político.
Na década de 1950, a segunda onda do behaviorismo
consolidou-se na metodologia da ciência política. No âmbito dessa direção, a análise
estrutural-funcional, a análise dos sistemas políticos e os
primeiros estudos comparativos começaram a se desenvolver, expandindo o
escopo e a sofisticação da pesquisa.
O renomado cientista político americano David Easton
formulou os princípios intelectuais básicos da tendência behaviorista, que se
tornaram um guia para a pesquisa:
- Regularidade:
A busca por características uniformes nos fenômenos políticos e,
principalmente, no comportamento político, visando conclusões ou teorias
com valor interpretativo ou prognóstico.
- Verificação:
A validade das conclusões deve ser verificável em relação ao comportamento
relevante, enfatizando a necessidade de evidências empíricas.
- Metodologia:
A metodologia de pesquisa deve ser confiável e justificada do ponto de
vista do registro e análise do comportamento, garantindo o rigor
científico.
- Quantificação:
A formulação de um sistema de critérios e avaliações quantitativas, quando
apropriado, para permitir medições precisas.
- Diferenciação
de Valores: Os valores devem ser diferenciados analiticamente dos
dados empíricos. A interpretação dos fatos e sua avaliação ética são
coisas diferentes, buscando a objetividade na pesquisa.
- Sistematização
do Conhecimento: O estabelecimento da relação entre teoria e pesquisa.
Pesquisas sem embasamento teórico podem ser ineficazes, e uma teoria sem
dados empíricos é um conjunto de raciocínio escolástico.
- Integração:
A implementação da relação entre pesquisa política e realizações
científicas de outras ciências sociais, promovendo a
interdisciplinaridade.
Os traços característicos da pesquisa política orientada
para o estudo do "comportamento político" incluíam:
- Rejeição
das instituições políticas como objeto exclusivo de pesquisa e orientação
para o estudo do comportamento dos indivíduos em diversas situações
políticas.
- Desenvolvimento
e aplicação de métodos mais precisos de coleta, tratamento e interpretação
de dados (por exemplo, pesquisas de opinião, análise estatística).
- O
desejo de construir uma teoria empírica sistematizada, baseada em
observações e dados verificáveis.
Os adeptos da direção comportamental chamaram a atenção para
as estruturas informais de poder: grupos de interesse influenciando o
processo político, grupos mafiosos, meios de comunicação, a organização do
processo eleitoral e do comportamento do eleitorado, e o fenômeno do
"corporativismo". Seu estudo foi baseado no uso de métodos de modelagem,
análise de sistemas e estrutural-funcional, emprestados por cientistas
políticos da sociologia, demonstrando a crescente interdisciplinaridade.
Na abordagem comportamental, quatro níveis de pesquisa podem
ser distinguidos, permitindo uma análise multifacetada:
- Micro-micro:
Foco na relação entre papéis, motivos e as especificidades da tomada de
decisão por pessoas individuais.
- Macro-macro:
Atenção à influência dos componentes estruturais na natureza e direção das
decisões tomadas.
- Micro-macro:
Determinação da influência dos cidadãos nas estruturas políticas
(partidos, parlamento, etc.).
- Macro-micro:
Análise de grandes estruturas políticas, suas interações, funções e
limitações, bem como seu impacto no comportamento político.
Apesar de suas contribuições inegáveis, o behaviorismo
enfrentou muitas críticas nos círculos acadêmicos. Primeiramente, foram feitas
observações sobre a assimilação da ciência política às ciências naturais,
ignorando as particularidades das humanidades. Já os neokantianos no século XIX
haviam mostrado a diferença entre a metodologia das ciências naturais e as
humanidades, argumentando que a política, por lidar com valores e significados,
não poderia ser estudada da mesma forma que fenômenos físicos ou biológicos.
Em segundo lugar, vários cientistas continuaram a considerar
a ciência política, se não parte do conhecimento filosófico, pelo menos
intimamente relacionada a ele, e, portanto, não aceitaram o fascínio
behaviorista por dados empíricos em detrimento de questões normativas. Por
exemplo, Leo Strauss observou que, além dos tópicos tradicionais, a ciência
política deveria lidar com problemas como um sistema político justo e o bem
público. Além disso, o behaviorismo foi acusado de ignorar as principais questões
políticas e de se concentrar em trivialidades mensuráveis. Christian Bay
observou que a ciência política deveria lidar com "objetivos sociais"
e não apenas com comportamentos observáveis.
David Easton, um dos defensores do behaviorismo, adotou uma
posição moderadamente pragmática em relação a ele, reconhecendo seus limites:
"a abordagem comportamental é o maior mérito da ciência política no estudo
de uma pessoa, especialmente relacionamentos pessoais ou um tipo de
comportamento agregado como votar. Pequenos grupos e organizações com suas
próprias estruturas e processos internos, bem como alguns aspectos de
comunidades bem definidas, representavam os limites máximos aos quais métodos
contínuos de pesquisa em harmonia com atitudes behavioristas eram bastante
adequados. No entanto, esta metodologia torna-se menos fiável e os resultados
menos fundamentados no que diz respeito à relação de instituições como sistemas
partidários, legislaturas, sistemas eleitorais e partidos, ou quando se trata
de analisar o impacto de mecanismos legais alternativos na seleção e nomeação
de decisores." Easton e outros perceberam que, embora útil para o
microcomportamento, o behaviorismo era limitado na explicação de grandes
estruturas e processos políticos. P. Charan observou que a direção
comportamental contribui para a criação de teorias que não permitem fazer
previsões, mas contribuem para "uma certa compreensão do fluxo de eventos
em constante mudança no ambiente, a fim de minimizar uma série de fenômenos
únicos e imprevistos". David Easton reforçou essa visão, afirmando que
"na melhor das hipóteses, a teoria empírica pode enriquecer nossa
compreensão das implicações dos valores humanos alternativos."
Caracterizando os ataques da nova geração de cientistas
políticos ao behaviorismo, G. Almond observou sarcasticamente que "...
Eles [os críticos do behaviorismo] conseguiram desenvolver seu próprio arsenal
de mistificações e provaram que não podem construir castelos no ar piores do
que seus colegas behavioristas." Essa observação irônica destacava a
intensidade dos debates metodológicos da época.
No período pós-guerra, surgiram estudos aprofundados sobre
os problemas da democracia – por Robert Dahl, Juan Linz, Larry Diamond,
Philippe Schmitter, Guillermo O'Donnell e Samuel Huntington. Suas teorias
combinavam elementos de análise normativa e empírica, buscando uma síntese
entre o "ser" e o "dever ser" da política. A gama de
interesses dos cientistas políticos expandiu-se significativamente, com o
surgimento de trabalhos sobre análise comparativa de instituições e processos
políticos em diferentes países e e regiões. A metodologia de estudos
comparativos foi desenvolvida pelos esforços conjuntos de Gabriel Almond, Adam
Przeworski, Seymour Martin Lipset e outros, permitindo a identificação de
padrões e variações em diferentes contextos.
No entanto, a análise quantitativa muitas vezes se tornou um
fim em si mesma para os pesquisadores, levando à crítica de que "você não
podia ver a floresta por causa das árvores", ou seja, a ênfase excessiva
em dados e métodos obscurecia as grandes questões políticas.
Em 1969, David Easton proclamou uma nova revolução: a
revolução pós-behaviorista na ciência política. A essência dessa
revolução foi, em primeiro lugar, orientar a pesquisa política para as necessidades
reais da sociedade e da política, buscando uma relevância social e um
engajamento com os problemas urgentes. Em segundo lugar, o pós-behaviorismo
buscava superar a ideologia do empirismo, que era característica do
behaviorismo, reconhecendo que a coleta de dados por si só não era suficiente.
Em terceiro lugar, enfatizou-se a necessidade de prestar mais atenção às orientações
de valor no processo de conhecimento e seu desenvolvimento construtivo, uma
vez que a neutralidade científica era considerada impossível.
Easton observou que "o pós-behaviorismo surgiu como uma
reação aos problemas gerados pelo behaviorismo. Estes incluem: indiferença às
avaliações morais; adesão excessiva a conclusões formais e matematizadas
resultantes do uso do método científico; maior atenção aos critérios teóricos
em detrimento das questões sociais; concentração nos determinantes sociais do
comportamento, combinada com o desrespeito por seus importantes elementos
cognitivos (racionais); abstração da história dos sistemas políticos que determinam
seu caráter moderno". O profundo fascínio pelos resultados do behaviorismo
não levou à rejeição de seu método científico, mas, ao contrário, como Easton
apropriadamente observou, à compreensão do que a natureza da ciência política
realmente era, embora ainda hoje essa natureza não esteja totalmente
estabelecida.
A trajetória da ciência política, desde suas raízes
filosóficas até sua institucionalização e as revoluções metodológicas do século
XX, demonstra uma disciplina em constante busca por autoaperfeiçoamento e
relevância. Do foco normativo das instituições aos mecanismos ocultos do
comportamento, e da quantificação rigorosa à revalorização das questões éticas
e sociais, a ciência política tem demonstrado uma notável capacidade de
adaptação e renovação.
Atualmente, a ciência política é um campo vibrante e
diversificado, que incorpora insights de outras disciplinas e utiliza uma vasta
gama de métodos para analisar os complexos fenômenos políticos. Os debates
sobre a natureza da disciplina, seus métodos e seus objetivos continuam,
garantindo que a ciência política permaneça uma área de estudo dinâmica e
essencial para a compreensão dos desafios e oportunidades de nossas sociedades.
O legado de Platão e Aristóteles, Maquiavel e Bodin, bem como de Merriam, Lasswell
e Easton, reside na fundação de um campo que, ao longo do tempo, tem se
esforçado para ir além da mera descrição, buscando explicar, prever e, em
última instância, contribuir para a melhoria da vida política.
Biografia de cada um dos autores citados no artigo
Vou apresentar uma breve biografia de cada um dos autores
citados no artigo, destacando suas principais contribuições.
Platão (c. 428/427 – 348/347 a.C.)
Filósofo grego clássico, aluno de Sócrates e professor de
Aristóteles. É uma das figuras mais influentes na filosofia ocidental. Suas
obras, escritas na forma de diálogos, exploram uma vasta gama de tópicos,
incluindo política, ética, metafísica e epistemologia. Em sua mais famosa obra
política, "A República", Platão delineou sua visão de um
Estado ideal governado por "reis-filósofos", que seriam guiados pela
razão e pela busca da justiça e do bem comum. Sua teoria das Formas ou Ideias
também influenciou profundamente o pensamento político posterior.
Aristóteles (384 – 322 a.C.)
Filósofo e polímata grego, aluno de Platão e tutor de
Alexandre, o Grande. Considerado um dos fundadores da lógica ocidental e da
biologia. Na política, Aristóteles se destacou por sua abordagem mais empírica
e comparativa em relação a Platão. Em sua obra "A
Política", ele analisou e classificou as constituições de mais de 150
cidades-estado gregas, buscando identificar as melhores formas de governo e as
causas de sua estabilidade e instabilidade. Ele introduziu o conceito de
"zoon politikon" (animal político), argumentando que o ser humano é
naturalmente predisposto a viver em comunidade política.
Nicolau Maquiavel (1469 – 1527)
Filósofo, diplomata, historiador e escritor italiano do
Renascimento. É amplamente considerado o pai da ciência política
moderna. Sua obra mais conhecida, "O Príncipe",
escrita em 1513, é um manual sobre como adquirir e manter o poder político,
muitas vezes desconsiderando considerações morais tradicionais. Maquiavel
defendeu uma abordagem "realista" da política,
focando no que os governantes realmente fazem, em vez do que deveriam fazer
idealmente. Ele argumentou que a moralidade privada e a moralidade política
podem ser distintas, e que a virtude do príncipe reside na sua capacidade de
manter o Estado.
Jean Bodin (1530 – 1596)
Filósofo e jurista francês. É conhecido por sua teoria
da soberania, que foi fundamental para a compreensão do Estado
moderno. Em sua obra "Os Seis Livros da República" (1576),
Bodin argumentou que a soberania é o poder supremo e indivisível de governar um
Estado, e que esse poder deve ser exercido de forma absoluta pelo monarca (ou
pelo soberano, em outras formas de governo). Sua teoria ajudou a legitimar o
poder dos monarcas absolutos e estabeleceu as bases para a compreensão do
Estado como uma entidade autônoma com autoridade suprema sobre seu território e
povo.
Charles-Louis de Montesquieu (1689 – 1755)
Filósofo, escritor e jurista francês do Iluminismo. Sua obra
mais influente é "O Espírito das Leis" (1748), na
qual ele defendeu a separação de poderes em três ramos:
legislativo, executivo e judiciário. Montesquieu acreditava que essa separação
era essencial para evitar o abuso de poder e proteger a liberdade dos cidadãos.
Sua teoria influenciou profundamente a redação de constituições em todo o mundo,
incluindo a dos Estados Unidos. Ele também explorou a relação entre as leis e o
"espírito" de uma nação, considerando fatores como clima, cultura e
geografia.
John W. Burgess (1844 – 1931)
Cientista político e jurista americano, um dos fundadores
da ciência política nos Estados Unidos. Ele foi fundamental para o
estabelecimento da Escola de Ciência Política da Columbia University em
1880, considerada um marco no nascimento formal da disciplina. Burgess
acreditava que a ciência política deveria ser um estudo sistemático do Estado,
incorporando elementos de filosofia, história e direito. Sua visão ajudou a
definir o escopo inicial da disciplina, enfatizando a importância das
instituições estatais e sua evolução histórica.
Francis Lieber (1800 – 1872)
Jurista, filósofo e cientista político alemão-americano. Foi
professor na Carolina do Sul e depois na Columbia College (mais tarde Columbia
University). Alguns pesquisadores o consideram o "fundador do
estudo sistemático da política nos Estados Unidos". Lieber defendeu a
importância de um estudo rigoroso e científico da política, influenciando a
institucionalização da disciplina em solo americano antes mesmo da fundação
formal da Escola de Ciência Política da Columbia.
Edward A. Freeman (1823 – 1892)
Historiador inglês. Conhecido por sua obra em história
constitucional e por sua famosa declaração de que "a história é a
política do passado e a política é a história do presente". Essa frase
reflete a forte ligação entre história e política no final do século XIX, um
período em que a ciência política ainda buscava sua identidade como disciplina
autônoma, muitas vezes se apoiando na análise histórica para compreender as
instituições e os eventos políticos.
Frank J. Goodnow (1859 – 1939)
Cientista político americano e um dos primeiros presidentes
da American Political Science Association (APSA). Goodnow enfatizou
o estudo do Estado e da "vontade do Estado", bem como das
autoridades que implementam essa vontade. Ele foi uma figura importante no
período institucional da ciência política americana, focando nas estruturas
formais do governo e na aplicação das leis. Sua contribuição reforça a visão
inicial da ciência política como um campo normativo e institucional.
David Easton (1917 – 2014)
Cientista político canadense-americano, figura proeminente
na revolução behaviorista e pós-behaviorista na ciência
política. Easton é conhecido por sua análise de sistemas políticos, que via a
política como um sistema adaptativo que responde às demandas e apoios do
ambiente. Ele formulou os princípios intelectuais do behaviorismo (regularidade,
verificação, metodologia, quantificação, diferenciação de valores,
sistematização e integração). Mais tarde, ele também liderou a revolução
pós-behaviorista em 1969, defendendo uma ciência política mais
relevante socialmente e menos dogmática em sua busca por neutralidade de
valores, reconhecendo a importância das questões normativas e da aplicação
prática da pesquisa.
Roy C. Macridis (1918 – 1993)
Cientista político americano de origem grega. Macridis foi
um crítico da abordagem tradicional da ciência política, que se concentrava
excessivamente nas instituições formais. Ele chamou a atenção para a
importância das estruturas informais da sociedade e da
política, argumentando que elas desempenham um papel crucial, muitas vezes
maior, do que as instituições formais no funcionamento do sistema político.
Suas críticas ajudaram a pavimentar o caminho para abordagens mais abrangentes,
como o behaviorismo.
Walter Bagehot (1826 – 1877)
Jornalista, empresário e cientista político inglês. Sua
obra "A Constituição Inglesa" (1867) é um clássico
no estudo das instituições políticas. Bagehot distinguiu entre as partes
"dignas" (ceremoniais) e "eficientes" (funcionais) da
Constituição britânica, e foi um dos primeiros a observar as formas de
comportamento informal dentro das instituições oficiais que afetam
significativamente o processo de tomada de decisão política, antecipando
insights do behaviorismo.
Woodrow Wilson (1856 – 1924)
Cientista político, historiador, educador e 28º Presidente
dos Estados Unidos (1913-1921). Antes de sua presidência, Wilson foi um
acadêmico proeminente e presidente da American Political Science Association
(APSA). Ele é considerado um dos pioneiros da administração pública como
campo de estudo. Wilson foi um dos primeiros a reconhecer a existência de
comportamentos informais dentro das instituições oficiais que impactam a
política, destacando a complexidade da governança além das estruturas formais.
Vilfredo Pareto (1848 – 1923)
Engenheiro, sociólogo, economista e filósofo italiano. É
conhecido por suas contribuições à teoria da elite dominante e
à lei de Pareto (o princípio 80/20). Em sua obra "Tratado de Sociologia
Geral" (1916), Pareto analisou as elites, argumentando que em qualquer
sociedade, uma pequena minoria de indivíduos talentosos e ambiciosos, a
"elite", inevitavelmente ascende ao poder, e que a história é um
"cemitério de aristocracias". Sua análise foi fundamental para o
desenvolvimento do estudo das elites na ciência política.
Gaetano Mosca (1858 – 1941)
Cientista político e jurista italiano. Junto com Pareto,
Mosca é um dos fundadores da teoria das elites, embora sua
abordagem fosse um pouco diferente. Em sua obra "A Classe
Governante" (1896), ele argumentou que em todas as sociedades,
independentemente de sua forma de governo, existe sempre uma minoria
organizada, a "classe governante", que exerce o poder sobre a maioria
desorganizada. Mosca enfatizou a importância da organização e da coesão interna
da elite para a manutenção de seu poder.
Max Weber (1864 – 1920)
Sociólogo, filósofo, jurista e economista político alemão.
Weber é uma das figuras mais importantes na fundação da sociologia moderna e da
administração pública. Suas contribuições para a ciência política incluem a
análise das diferentes formas de dominação legítima (tradicional,
carismática e legal-racional) e o estudo da burocracia. Ele também enfatizou a
importância da ética protestante no desenvolvimento do capitalismo e a
necessidade de uma metodologia "livre de valores" nas ciências
sociais, influenciando o positivismo na ciência política.
Robert Michels (1876 – 1936)
Sociólogo e cientista político alemão. Michels é mais
conhecido por sua teoria da "Lei de Ferro da Oligarquia",
que ele formulou em sua obra "Partidos Políticos" (1911).
Essa lei postula que todas as organizações, mesmo as democráticas, tendem a se
tornar oligárquicas, ou seja, governadas por um pequeno grupo de líderes. Sua
pesquisa sobre os partidos políticos destacou a tendência à centralização de
poder e à formação de elites internas, mesmo em estruturas projetadas para
serem democráticas.
Moisei Ostrogorsky (1854 – 1919)
Cientista político russo-americano. Sua obra "Democracia
e a Organização dos Partidos Políticos" (1902) é um estudo
seminal sobre o papel dos partidos políticos nas democracias modernas.
Ostrogorsky analisou as estruturas internas e o funcionamento dos partidos,
expressando preocupações sobre a forma como eles poderiam limitar a liberdade
individual e a vitalidade democrática. Assim como Michels, ele observou
tendências oligárquicas dentro dos partidos.
André Siegfried (1875 – 1959)
Geógrafo, cientista político e sociólogo francês. Siegfried
foi um pioneiro no estudo do comportamento eleitoral na
França. Sua obra "Tableau politique de la France de l'Ouest" (1913)
analisou as influências geográficas, sociais e econômicas nos padrões de
votação, utilizando métodos inovadores para a época e contribuindo para o
desenvolvimento da sociologia eleitoral.
Maurice Duverger (1917 – 2014)
Jurista, cientista político e sociólogo francês. É conhecido
por seus estudos sobre os partidos políticos e sistemas eleitorais.
Sua obra "Os Partidos Políticos" (1951) é um
clássico que introduziu a "Lei de Duverger", que postula que o
sistema de votação de maioria simples em distritos uninominais (como nos EUA e
Reino Unido) tende a levar a um sistema bipartidário. Seus estudos foram
fundamentais para a análise comparativa de sistemas políticos.
Gunnar Tingsten (1896 – 1973)
Cientista político e editor sueco. Tingsten foi um dos
primeiros a conduzir estudos sistemáticos sobre o comportamento
eleitoral na Suécia, contribuindo para o desenvolvimento de uma abordagem
mais empírica na ciência política europeia antes da Segunda Guerra Mundial.
Charles E. Merriam (1874 – 1953)
Cientista político americano. É amplamente considerado um
dos "pais" da ciência política moderna e o fundador do
behaviorismo nos Estados Unidos. Liderou a "Escola de
Chicago" e defendeu o estudo do comportamento político como o principal
objeto de pesquisa, buscando uma abordagem mais científica e empírica para a
disciplina. Suas obras, como "Four American Party Leaders",
analisaram o comportamento individual de líderes políticos.
Harold D. Lasswell (1902 – 1978)
Cientista político americano, aluno de Charles Merriam.
Lasswell é conhecido por suas contribuições à psicologia política, comunicação
política e análise de propaganda. Sua obra "Psicopatologia e
Política" (1930) explorou os motivos inconscientes do
comportamento dos líderes. Ele também é famoso pela formulação: "Quem diz
o quê a quem, por que canal e com que efeito?", que se tornou um modelo
para a análise de comunicação. Lasswell foi pioneiro no uso da análise
de conteúdo na pesquisa política.
William Isaac Thomas (1863 – 1947)
Sociólogo americano, associado à Escola de Sociologia de
Chicago. Conhecido pelo "Teorema de Thomas", que afirma: "Se as
pessoas definem situações como reais, elas são reais em suas
consequências". Contribuiu para a compreensão da interação social e da
construção da realidade.
James Roland Vincent (nascido em 1937)
Historiador britânico, especializado em história política do
século XIX. Embora não seja diretamente um cientista político, a menção no
contexto da Escola de Sociologia de Chicago pode se referir a estudiosos que
influenciaram ou dialogaram com o pensamento da época.
Solomon Henderson
A menção a "S. Henderson" na lista da Escola de
Sociologia de Chicago é menos conhecida e pode se referir a um estudioso menor
ou um erro de grafia no texto original, já que não há uma figura proeminente
com esse nome diretamente ligada aos fundadores dessa escola.
Fay-Cooper Cole (1881 – 1961)
Antropólogo americano, associado à Escola de Antropologia de
Chicago. Foi um pioneiro no estudo da etnografia e da cultura material de povos
indígenas. A presença de antropólogos na Escola de Chicago demonstra a
interdisciplinaridade da pesquisa na época.
Edward Sapir (1884 – 1939)
Antropólogo-linguista americano de origem alemã, associado à
Escola de Antropologia de Chicago. É uma figura central no desenvolvimento da
linguística estrutural e da antropologia cultural nos Estados Unidos. Sua
influência mostra a abertura da Escola de Chicago a diversas abordagens para
entender a sociedade.
Frederick Starr (1858 – 1933)
Antropólogo e explorador americano, também associado à
Escola de Antropologia de Chicago. Conhecido por seu trabalho em etnologia e
arqueologia. Sua inclusão reforça o ambiente interdisciplinar de Chicago.
Louis Leon Thurstone (1887 – 1955)
Psicólogo e estatístico americano, associado à Escola de
Psicologia de Chicago. Foi um pioneiro na psicometria e na análise fatorial,
desenvolvendo métodos para medir atitudes e inteligência. Sua contribuição para
a quantificação e medição influenciou indiretamente a ciência política
behaviorista.
James Rowland Angell (1869 – 1949)
Psicólogo funcionalista americano, associado à Escola de
Psicologia de Chicago. Foi um dos fundadores da psicologia funcionalista, que
se concentrava no propósito e na função do comportamento e da mente. Sua
abordagem influenciou o estudo do comportamento em geral.
Bernard Ruml (1894 – 1960)
Psicólogo e economista americano. Não é um nome centralmente
associado à Escola de Psicologia de Chicago como Thurstone ou Angell, mas a
menção no contexto pode indicar sua participação em pesquisas ou debates da
época.
John B. Watson (1878 – 1958)
Psicólogo americano, considerado o fundador do
behaviorismo na psicologia. Sua ênfase no estudo do comportamento
observável e mensurável, em detrimento de estados mentais internos, influenciou
diretamente o surgimento do behaviorismo na ciência política.
Henry Schultz (1893 – 1938)
Economista americano, associado à Escola de Economia de
Chicago. Foi um dos pioneiros no uso de métodos estatísticos e econométricos
para analisar a demanda. Sua abordagem quantitativa refletia a tendência
científica da Escola de Chicago.
James Laurence Laughlin (1850 – 1933)
Economista americano, fundador e chefe do departamento de
economia da Universidade de Chicago. Defensor do livre mercado e da teoria
monetária. A presença de economistas como Laughlin demonstra a amplitude das
ciências sociais em Chicago.
Frank Hyneman Knight (1885 – 1972)
Economista americano, associado à Escola de Economia de
Chicago. Conhecido por seus estudos sobre risco, incerteza e lucro. Sua obra
contribuiu para a teoria econômica e, por extensão, para a compreensão de
decisões em ambientes incertos, o que tem relevância para a tomada de decisão
política.
Wesley Clair Mitchell (1874 – 1948)
Economista americano, associado à Escola de Economia de
Chicago e ao National Bureau of Economic Research. Conhecido por seus estudos
sobre ciclos econômicos e por sua abordagem empírica e estatística da economia.
Sua metodologia influenciou a busca por dados e quantificação nas ciências
sociais.
William Bennett Munro (1875 – 1957)
Cientista político americano. Munro foi um crítico do
cientificismo excessivo na ciência política, embora ele próprio tenha defendido
a busca por "leis fundamentais" na política. Sua menção ao lado de
Catlin em obras anticientificistas indica um debate sobre os limites da
aplicação de métodos das ciências naturais à política.
George Catlin (1896 – 1975)
Cientista político e filósofo britânico. Catlin foi um
defensor rigoroso da necessidade de uma ciência política "livre de
valores", argumentando que a disciplina deveria se concentrar em fazer
previsões precisas e no desenvolvimento de métodos e técnicas de pesquisa, em
vez de julgamentos morais. Ele se opôs fortemente a "todos os julgamentos
de valor" na pesquisa.
William Yandell Elliott (1896 – 1969)
Cientista político americano. Elliott foi um dos principais
representantes do anticientificismo na ciência política. Suas
obras, como "Pragmatic Rebellion in Politics" e "The
Possibilities of the Science of Politics", criticaram o behaviorismo por
sua obsessão por dados técnicos e pela negligência de questões maiores e mais
filosóficas da política, como o espírito criativo e a análise das forças
motrizes.
Edward S. Corwin (1878 – 1963)
Jurista constitucional americano. Corwin foi um crítico do
cientificismo na ciência política, argumentando que a absolutização das
aberturas técnicas poderia minar o espírito criativo da disciplina. Ele
defendeu uma abordagem mais holística e interpretativa do direito
constitucional e da política.
Charles A. Beard (1874 – 1948)
Historiador e cientista político americano. Beard foi um
proeminente crítico do cientificismo, argumentando que o acúmulo de grandes
quantidades de dados sem generalizações amplas e julgamentos ousados levava a
estudos unilaterais. Ele defendia que a ciência política não deveria se afastar
dos "grandes assuntos políticos" e da análise das forças motrizes.
Herbert Marcuse (1898 – 1979)
Filósofo e sociólogo alemão-americano, membro da Escola de
Frankfurt. Marcuse é uma figura importante na teoria crítica, que se opunha ao
positivismo e ao empirismo. Sua crítica à sociedade industrial avançada e à
"razão instrumental" influenciou gerações de cientistas sociais,
incluindo aqueles que questionavam os limites do behaviorismo. Ele migrou para
os EUA durante o período nazista.
Karl Mannheim (1893 – 1947)
Sociólogo húngaro-alemão, considerado um dos fundadores da
sociologia do conhecimento. Mannheim explorou a relação entre o pensamento e as
condições sociais e históricas, argumentando que o conhecimento é socialmente
condicionado. Sua obra "Ideologia e Utopia" (1929) é um clássico. Ele
também migrou para os EUA.
Erich Fromm (1900 – 1980)
Psicanalista, sociólogo e filósofo social alemão-americano,
também associado à Escola de Frankfurt. Fromm combinou psicanálise e crítica
social, explorando as relações entre o indivíduo e a sociedade. Sua obra
frequentemente abordava temas de liberdade, autoritarismo e a alienação na
sociedade moderna. Ele também migrou para os EUA.
Hannah Arendt (1906 – 1975)
Filósofa política alemã-americana. Arendt é conhecida por
suas obras sobre totalitarismo, revolução e a condição humana. Suas análises
sobre o poder, a violência e a ação política são fundamentais para a teoria
política contemporânea. Ela é uma crítica proeminente do reducionismo
behaviorista, defendendo uma compreensão mais profunda e normativa da política.
Arendt também migrou para os EUA.
Leo Strauss (1899 – 1973)
Filósofo político alemão-americano. Strauss foi um crítico
ferrenho do positivismo e do historicismo na ciência política. Ele argumentou
que a ciência política moderna perdeu sua dimensão normativa e filosófica, e
que deveria retornar às grandes questões clássicas sobre a justiça, o bem
público e a natureza do regime político. Ele defendeu um retorno aos clássicos
da filosofia política.
Christian Bay (1921 – 2007)
Cientista político norueguês-americano. Bay foi um crítico
do behaviorismo, argumentando que a ciência política deveria se preocupar mais
com "objetivos sociais" e valores humanos, em vez de
se limitar a um estudo empírico e neutro de fatos observáveis. Ele defendeu uma
ciência política engajada e normativa, preocupada com a promoção da dignidade
humana e da justiça social.
Peter B. Charan (1940 – 2008)
Não é uma figura amplamente conhecida na ciência política
com o nome "P. Charan". É possível que seja um erro de grafia ou uma
citação a um autor menos proeminente. No entanto, o texto o menciona em relação
à contribuição do behaviorismo para teorias que não fazem previsões, mas ajudam
na "certa compreensão do fluxo de eventos".
Robert A. Dahl (1915 – 2014)
Cientista político americano, um dos mais influentes
teóricos da democracia pluralista. Dahl é conhecido por seus estudos sobre o
poder, a poliarquia (uma forma de democracia em que o poder é distribuído entre
múltiplos grupos) e a tomada de decisão em sistemas políticos. Suas teorias
combinaram elementos de análise normativa e empírica, buscando entender como a
democracia funciona na prática.
Juan J. Linz (1926 – 2013)
Cientista político e sociólogo alemão-americano de origem
espanhola. Linz é renomado por seus estudos sobre regimes políticos,
especialmente o autoritarismo e a democratização. Sua tipologia de regimes
autoritários e suas análises sobre as crises da democracia parlamentar são
marcos na ciência política comparada.
Larry Diamond (nascido em 1951)
Cientista político americano, especialista em democracia,
democratização e desenvolvimento. Diamond é um dos principais pesquisadores
contemporâneos sobre transições democráticas e os desafios da consolidação
democrática. Suas obras analisam por que algumas democracias prosperam e outras
falham.
Philippe C. Schmitter (nascido em 1936)
Cientista político americano, um dos maiores especialistas
em corporativismo, neocorporativismo e democratização. Schmitter tem
contribuído para a compreensão de como grupos de interesse se organizam e
interagem com o Estado em diferentes regimes políticos, especialmente na Europa
e América Latina.
Guillermo O'Donnell (1936 – 2011)
Cientista político argentino. O'Donnell é conhecido por seus
estudos sobre regimes autoritários, transições para a democracia e a natureza
da democracia na América Latina. Ele desenvolveu o conceito de "democracia
delegativa" para descrever regimes democráticos onde o presidente tem um
poder excessivo e unilateral.
Samuel P. Huntington (1927 – 2008)
Cientista político americano. Huntington é famoso por suas
teorias sobre modernização, transições para a democracia e o "choque de
civilizações". Suas obras, como "A Terceira Onda: Democratização no
Final do Século XX", analisaram os padrões globais de democratização. Ele
também estudou a ordem política nas sociedades em mudança.
Adam Przeworski (nascido em 1940)
Cientista político polonês-americano. Przeworski é um
teórico da democracia, especialmente conhecido por suas contribuições à análise
comparativa de regimes políticos e às condições econômicas da democracia. Ele
utiliza métodos quantitativos e abordagens teóricas rigorosas para entender as
escolhas políticas e os resultados institucionais.
Seymour Martin Lipset (1922 – 2006)
Sociólogo e cientista político americano. Lipset foi um dos
fundadores da sociologia política, conhecido por seus estudos sobre a
democracia, estratificação social, mobilidade social e a política comparada.
Sua obra "Algumas Necessidades Sociais da Democracia:
Desenvolvimento Econômico e Legitimidade Política" (1959) é um
clássico sobre a relação entre desenvolvimento econômico e democracia.

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