Tomara que eu não me despeça de mim,
nem pelos olhos do mundo, nem pela vontade alheia.
Que eu conserve o traço exato do que sou —
mesmo quando a vida tenta me apagar com dedos de sombra.
Tomara que eu saiba do poder que mora no outro,
mas que não esqueça o raio que habita em mim.
Que eu escute mentiras com ouvidos de silêncio,
sem deixar que confundam a voz limpa da minha verdade.
Mesmo que verdades e mentiras troquem de lugar —
feito rios que deságuam e se esquecem do nome —
tomara que eu permaneça inteiro.
Tomara que a maldade do mundo, vestida de elegância,
não consiga ofuscar a luz que trago no peito.
Que eu insista em ser farol,
mesmo quando o mar me engole em silêncio.
Que, se a dor me fizer morada por uns dias,
eu ainda conserve a chave da alegria —
oculta talvez, mas viva,
como um sonho que ninguém ousa tocar.
Tomara que, apesar dos apesares,
apesar das pedras no bolso e dos dias de vidro,
eu não desista do caminho que me leva à felicidade.
Que eu siga, ainda que cego,
a coragem miúda de ser quem sou.
FRANK BARROSO
06.07..2025
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