Minha vida começou sob o peso da rejeição e da tristeza. Desde muito cedo, experimentei o que muitos jovens infelizmente conhecem: a solidão, a incompreensão e a dor de ser tratado como um erro. Mas também vivi algo raro — a descoberta de uma força que me impediu de sucumbir. Esta é a minha história. A história de como, mesmo entre feridas abertas, encontrei a vitória.
Uma
infância marcada pela dor
Os primeiros anos da minha vida foram cobertos
por uma sombra. A tristeza pousou em mim como uma águia faminta, dilacerando
minha esperança ainda criança. Me lembro de ouvir, desde o nascimento, palavras
que feriam mais que qualquer tapa. Segundo meu pai, fui xingado ao nascer.
Cresci sentindo que o mundo me rejeitava, como se não houvesse razão para minha
existência.
Quando fazia algo errado, ainda criança, era
corrigido com violência — não havia diálogo, apenas dor. E isso me levou, já
adolescente, a parar e me perguntar: por que eu existo? Será que nasci apenas
para sofrer e ser rejeitado?
O silêncio
que gritava
Por muito tempo, a resposta parecia ser
"sim". Me sentia como um cachorro faminto que late para seu dono
pedindo comida, mas é ignorado. Assim eu clamava por amor ao mundo — e o mundo
me virava as costas.
Houve momentos em que não queria mais viver,
não via sentido em estar entre pessoas que me olhavam sem enxergar. Era como se
eu estivesse invisível, implorando por compreensão, por um gesto de carinho —
mas nada vinha.
A força que
me segurou
No meio dessa tempestade, algo aconteceu. Uma
força que eu chamo de “Jesus” me impediu de destruir minha própria vida. Não
foi uma revelação repentina, mas um fio de esperança que foi crescendo dentro
de mim. Ele me fez resistir, mesmo quando parecia impossível. Me segurou quando
o chão sumiu. Me deu sentido quando eu não conseguia enxergar um.
Essa fé se tornou meu abrigo, minha força
silenciosa. Ela me ensinou que havia valor em mim, mesmo que o mundo dissesse o
contrário.
A vitória
que muitos não alcançam
Hoje, olhando para trás, vejo que resistir já
foi minha grande vitória. Muitos adolescentes que passaram por dores parecidas
não conseguiram seguir. Se perderam na marginalidade, nos tóxicos, nos caminhos
que a falta de apoio dos pais e da sociedade empurra.
Mas eu não. Eu permaneci. Eu sobrevivi. E mais
do que isso: eu escrevi, eu falei, eu existi com dignidade. A minha dor virou
palavra. A minha história virou voz.
“A Vitória de um Adolescente”, escrita por mim
em 28 de março de 1982, não é só um relato de superação. É um apelo. Um grito
do passado que ecoa no presente: os jovens precisam ser ouvidos, compreendidos,
amados.
Hoje, como homem, como autor e como alguém que
sobreviveu, sigo levando essa mensagem. Porque enquanto houver um adolescente
sofrendo em silêncio, minha história ainda precisa ser contada.
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