Uma comparação de artigo O seu elogio não paga minhas contas e sua crítica não muda quem eu sou com a filosofia estoica

 

Um comentário negativo diz mais sobre quem fala do que sobre quem ouve - Dzianis Vasilyeu/adobe stock

O artigo de Natalia Beauty, na Folha de São Paulo, publicado dia 04/02/2025,  é muito interessando com um títuto provocativo: “O seu elogio não paga minhas contas e sua crítica não muda quem eu sou.” O subtítulo “A opinião alheia é como o vento: muda de direção o tempo todo” traz uma certeza de que as opiniões alheias são voláteis e inconstantes está alinhada com o ensinamento estoico de que devemos nos apegar apenas ao que é estável e dentro do nosso controle.

À luz da filosofia estoica, enfatizo o controle das próprias emoções, a indiferença em relação às opiniões alheias e a busca pela virtude e autossuficiência. Abaixo, transcrevo o artigo identificando a relação de cada parágrafo com os princípios estoicos:

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 Vivemos em um mundo onde as opiniões alheias são tratadas como moeda de troca. Elogios são distribuídos como se fossem certificados de validação, e críticas são lançadas como flechas, muitas vezes com o intuito de ferir ou diminuir. No entanto, o que muitas pessoas não percebem é que tanto o elogio quanto a crítica são reflexos de quem os profere, e não de quem os recebe. A verdade é que o seu elogio não paga minhas contas, e sua crítica não muda quem eu sou.

 Relação com o estoicismo: O estoicismo ensina que as opiniões alheias são externas e, portanto, fora do nosso controle. O que importa é como reagimos a elas. Epicteto, um dos grandes filósofos estoicos, dizia: "Não são as coisas que nos perturbam, mas a nossa visão sobre elas". Este parágrafo reflete a ideia de que elogios e críticas são irrelevantes para a nossa essência e que devemos nos concentrar no que está sob nosso controle: nossas ações e nossa atitude.

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 Muitas pessoas viram reféns das opiniões dos outros. Acham que os elogios são a confirmação de que estão no caminho certo, e as críticas eram provas de que haviam falhado. Tem gente que encolhe diante de um elogio, com medo de parecer arrogante, e se despedaça diante de uma crítica, como se ela definisse sua existência. Tem pessoa que vira uma marionete, controlada pelas expectativas e julgamentos alheios, até o dia em que percebe que essa dinâmica não apenas a limitava, mas também a impedia de viver plenamente.

 Relação com o estoicismo: O estoicismo alerta contra a dependência de validação externa. Marco Aurélio, em suas *Meditações*, frequentemente refletia sobre a importância de não buscar aprovação alheia, pois isso nos torna escravos das expectativas dos outros. Este parágrafo ilustra como a busca por reconhecimento externo pode nos afastar de nossa própria natureza e virtude, que são os únicos bens verdadeiros, segundo os estoicos.

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 O que ninguém nos conta é que os elogios podem ser tão perigosos quanto as críticas. Quando nos acostumamos a receber validação externa, passamos a depender dela. Um simples "você é excelente!" pode se transformar em uma necessidade, e a ausência desse reconhecimento pode nos fazer sentir pequenos e insignificantes. Por outro lado, as críticas, especialmente as maldosas, podem nos fazer questionar nosso valor e nossas capacidades. Mas a verdade é que tanto o elogio quanto a crítica dizem mais sobre quem os profere do que sobre quem os recebe.

 Relação com o estoicismo: Os estoicos ensinam que tanto o elogio quanto a crítica são "indiferentes" (adiáfora), ou seja, não têm valor intrínseco para a nossa felicidade. O perigo de depender deles está em permitir que coisas externas controlem nosso estado emocional. Sêneca, outro filósofo estoico, alertava sobre os perigos da vaidade e da busca por aplausos, pois isso nos afasta da autenticidade e da tranquilidade da alma.

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 Um elogio reflete o que a pessoa valoriza, não necessariamente quem você é. Se alguém te elogia por sua aparência, por exemplo, isso diz mais sobre a importância que essa pessoa dá à estética do que sobre sua essência. Da mesma forma, uma crítica muitas vezes revela as inseguranças e frustrações de quem a faz. Quando alguém critica uma pessoa por ser "demais" ou "muito ambicioso", pode ser que essa pessoa esteja projetando suas próprias limitações no outro.

 Relação com o estoicismo: Este parágrafo ecoa a ideia estoica de que as opiniões alheias são projeções dos valores e das fraquezas de quem as emite, e não uma medida objetiva do nosso valor. Epicteto ensinava que devemos julgar a nós mesmos com base em nossos próprios princípios, e não pelos padrões dos outros. Isso nos permite manter a clareza sobre quem somos, independentemente do que os outros digam.

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 A opinião alheia é como o vento: muda de direção o tempo todo. Hoje você é aplaudido, amanhã esquecido. Hoje criticado, amanhã elogiado. Se dependermos dessas opiniões para nos reconhecer, nunca encontraremos paz. A verdadeira liberdade está em entender que o que nos define não são os aplausos que recebemos nem as pedras que nos jogam. O que nos define é a nossa história, as batalhas que enfrentamos, as conquistas que alcançamos e a resiliência que construímos ao longo do caminho.

 

Relação com o estoicismo: A ideia de que as opiniões alheias são voláteis e inconstantes está alinhada com o ensinamento estoico de que devemos nos apegar apenas ao que é estável e dentro do nosso controle: nossa virtude, nossa razão e nossas ações. Marco Aurélio frequentemente refletia sobre a impermanência das coisas externas e a importância de focar no que realmente importa: nossa capacidade de agir com integridade e sabedoria.

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 Quando entendemos isso, percebemos que não precisamos mendigar reconhecimento nem temer críticas. Cada ser humano pode crescer sem depender da validação externa e se fortalecer sem se destruir por causa de um comentário negativo. A opinião dos outros não é a nossa verdade. A sua verdade está em quem você é, no que você acredita e no que está disposto a lutar.

 Relação com o estoicismo: Este parágrafo encapsula a essência da autossuficiência estoica. A verdadeira força vem de dentro, da nossa capacidade de viver de acordo com nossos princípios, independentemente das circunstâncias externas. Epicteto enfatizava que a liberdade está em não ser escravizado pelas opiniões ou expectativas dos outros, mas sim em viver de acordo com a razão e a virtude.

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 Se você está vivendo à mercê do que os outros dizem sobre você, é hora de parar. Nem a admiração te define, nem o ódio te limita. Você não é o que falam. Você é o que constrói, o que acumulou de conhecimento e experiência, o que insiste, o que supera, o que representa sua filosofia de vida. A próxima vez que alguém tentar te colocar num pedestal ou te enterrar numa cova, lembre-se: elogios e críticas passam. Mas quem você é, isso ninguém tira de você.

 Relação com o estoicismo: Este parágrafo reforça a ideia estoica de que nossa identidade e valor não são determinados por fatores externos, mas por nossas ações e caráter. Marco Aurélio escreveu: "Tudo o que ouço é a opinião de alguém, não um fato. Tudo o que vejo é uma perspectiva, não a verdade." A verdadeira liberdade está em reconhecer que somos definidos por nossas escolhas e não pelas opiniões alheias.

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Portanto, siga em frente. Construa sua vida com base no que você acredita, e não no que os outros esperam de você. Porque, no final das contas, o seu elogio não paga minhas contas, e sua crítica não muda quem eu sou. E isso é a maior liberdade que podemos alcançar.

 Relação com o estoicismo: O chamado final do artigo é um convite à autenticidade e à independência emocional, valores centrais do estoicismo. A liberdade verdadeira, segundo os estoicos, vem da capacidade de viver de acordo com a natureza racional e virtuosa, sem ser perturbado por coisas externas. Como Sêneca disse: "A maior riqueza é a pobreza de desejos."

Em resumo, o artigo reflete profundamente os princípios estoicos de autossuficiência, indiferença em relação às opiniões alheias e foco no que está sob nosso controle. Ele nos lembra que a verdadeira liberdade e paz interior vêm de dentro, e não das circunstâncias externas ou da validação dos outro


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