A filosofia, longe de ser uma visão atemporal do mundo, é profundamente enraizada em sua época e nos interesses práticos e teóricos das classes sociais. Georg Wilhelm Friedrich Hegel articulou essa ideia ao afirmar que toda filosofia apreende em pensamentos a sua época. Em última análise, os problemas que a filosofia aborda são sempre determinados pelas necessidades e interesses das classes sociais, justificando e explicando suas tarefas e objetivos históricos.
A Filosofia e Suas Limitações
Historicamente, muitos filósofos tentaram explicar o mundo e
encontrar leis gerais que governassem seu funcionamento. Eles buscavam
compreender a essência do homem e deduzir princípios para o comportamento
humano e a configuração da vida social. No entanto, essas tentativas
frequentemente resultavam em visões idealizadas de um mundo melhor e mais
justo, sem fornecer meios práticos para alcançá-lo. Essa abordagem filosófica
estava frequentemente isolada das ciências concretas e da experiência prática
dos homens, levando a construções teóricas ousadas, mas muitas vezes
desconectadas da realidade.
A Filosofia Burguesa e Seu Papel Histórico
Com o desenvolvimento do modo de produção capitalista dentro
da sociedade feudal, a filosofia burguesa também floresceu. Os filósofos da
burguesia ascendente lutaram contra a ordem social feudal e a visão religiosa
do mundo, defendendo que o homem deveria libertar-se dessas amarras e construir
uma nova ordem social baseada na razão e na justiça. Apesar de muitas ideias
serem representações idealistas, a filosofia burguesa daquele tempo expressou
teoricamente os esforços progressistas da burguesia e contribuiu para o
progresso social.
A Necessidade de uma Nova Filosofia
Com o surgimento da classe operária como uma força
revolucionária independente, tornou-se evidente que o capitalismo precisava ser
substituído por uma nova ordem social. A filosofia tradicional, ligada aos
interesses das classes proprietárias exploradoras, não estava em condições de
teorizar sobre esse processo histórico ou orientar a ação revolucionária
necessária. Era necessário criar uma nova filosofia que não apenas
interpretasse o mundo, mas que se tornasse um instrumento teórico da
transformação do mundo.
Essa nova filosofia, o materialismo dialético e histórico,
foi fundada por Karl Marx e Friedrich Engels. Eles romperam com toda a
filosofia anterior e suas tradições, criando uma abordagem que expressava os
interesses da classe operária e justificava sua missão histórica de abolir a
exploração do homem pelo homem e construir a sociedade socialista e, mais
tarde, comunista. Essa filosofia não pairava acima das ciências e da prática
social; ao contrário, ela se tornava uma ciência por direito próprio.
O materialismo dialético e histórico representou uma
revolução na história do pensamento filosófico. Em vez de construções teóricas
desconectadas, ele ofereceu um saber fundamentado na análise sistemática dos
resultados das várias ciências, da história do pensamento científico e da
prática social. Suas concepções, valores e orientações eram baseados
cientificamente e podiam ser verificados teoricamente e na prática.
A Filosofia como Instrumento de Transformação Social
A fundação do materialismo dialético e histórico transformou
fundamentalmente a função social da filosofia. Ela se tornou um instrumento
teórico necessário para a realização das tarefas e objetivos históricos da
classe operária e para a transformação ativa e revolucionária do mundo. Karl
Marx expressou essa ideia com precisão em sua tese: "Os filósofos têm
apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes, a questão é
transformá-lo."
A filosofia marxista-leninista se torna uma força material
quando se liga indissoluvelmente à organização de classe e à luta das classes
subalternas, dos povos oprimidos e dos excluídos dos benefícios do progresso
socioeconômico. Fora da luta de classes e contra a opressão capitalista, o
socialismo é uma frase oca ou um sonho ingênuo. Os conhecimentos fundamentais
da filosofia marxista-leninista servem de base para os programas e a atividade
política dos partidos de trabalhadores revolucionários.
A Unidade do Marxismo-Leninismo
O materialismo dialético e histórico está intrinsecamente
ligado à economia política e ao socialismo científico, formando uma unidade
conhecida como a visão de mundo da classe trabalhadora ou marxismo-leninismo.
Para entender por que a classe operária tem a missão histórica de eliminar a
sociedade capitalista e construir a ordem social comunista, é necessário
conhecer as relações sociais de produção, tanto passadas quanto presentes.
A filosofia marxista-leninista, a economia política e o
socialismo científico, juntos, fornecem uma orientação teórica que corresponde
ao estado atual do conhecimento científico, às exigências da construção do
socialismo e à luta de classes revolucionária. Essa unidade de pensamento
fornece uma base sólida para a ação revolucionária e a transformação prática do
mundo.
Filosofia e Transformação Prática
A transformação do mundo não pode ser alcançada apenas com
ideias. As ideias se tornam forças materiais ao mobilizarem os homens para uma
atuação unida e organizada. Portanto, a filosofia marxista-leninista se torna
efetiva ao se ligar à organização de classe e à luta das classes subalternas.
Para fazer realmente a revolução socialista e construir a sociedade socialista,
é necessário transformar os conhecimentos filosóficos e econômicos em atos
políticos, organizando a classe operária e todos os trabalhadores, tornando-os
conscientes de sua situação econômica e de suas tarefas e objetivos políticos.
O socialismo científico analisa e generaliza teoricamente as
experiências revolucionárias da classe operária ao longo da história,
investigando as leis que determinam a construção do socialismo e do comunismo.
Portanto, a filosofia marxista-leninista, a economia política e o socialismo
científico formam um edifício de pensamento unificado, centrado na
fundamentação do papel da classe operária na história universal e na
concretização de seus objetivos.
A revolução na filosofia representada pelo materialismo
dialético e histórico marcou uma ruptura fundamental com a filosofia
tradicional. Em vez de se limitar a interpretações teóricas abstratas, essa
nova filosofia se torna um instrumento teórico para a transformação prática do
mundo. Ela fornece uma orientação baseada cientificamente para a classe
operária e todas as forças progressistas, contribuindo para a luta pela
construção do socialismo e, eventualmente, do comunismo.
Ao ligar-se indissoluvelmente à prática revolucionária, a filosofia marxista-leninista não apenas interpreta o mundo, mas se empenha em transformá-lo. Essa abordagem revolucionária e ativa da filosofia reflete seu compromisso com a emancipação da classe operária e a criação de uma sociedade mais justa e igualitária.
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