Sêneca e o Novo Estoicismo: uma filosofia de harmonia e moderação

 Desde os 15 anos leia os textos estoicos e utilizo esta filosofia na minha vida. Então, vamos entender um pouco sobre o pensamento do meu filósofo preferido no estoicismo.



O estoicismo é uma escola filosófica que surgiu na Grécia Antiga, fundada por Zenão de Cítio, e que se desenvolveu em Roma, influenciando vários pensadores e movimentos posteriores. O estoicismo defende que o homem deve viver de acordo com a razão e a natureza, buscando a virtude e a felicidade, e evitando as paixões e as perturbações que causam sofrimento e infelicidade. ¹

Um dos mais importantes e influentes representantes do estoicismo foi Lúcio Aneu Sêneca, também conhecido como Sêneca, o Jovem. Sêneca nasceu em Córdoba, na Espanha, por volta do ano 4 a.C., e morreu em Roma, em 65 d.C. Sêneca foi um filósofo, escritor, orador, advogado, político e tutor do imperador Nero. Sua obra literária e filosófica abrange diversos gêneros, como cartas, diálogos, ensaios, tragédias e sátiras. ²

Sêneca viveu em uma época turbulenta da história romana, marcada por tiranias, conspirações, guerras e perseguições. Sêneca teve que enfrentar vários desafios e adversidades em sua vida, como a ameaça de Calígula, o exílio na Córsega, a conspiração de Pisão e a condenação à morte por Nero. Em meio a esse cenário, Sêneca encontrou na filosofia estóica uma forma de orientar sua conduta e de consolar sua alma. ³

Sêneca é considerado um dos expoentes do chamado Novo Estoicismo, uma fase do estoicismo que se caracteriza por uma maior ênfase na ética e na prática filosófica, em detrimento da lógica e da física. O Novo Estoicismo também se distingue por uma maior abertura ao diálogo com outras escolas filosóficas, como o epicurismo, o platonismo e o ceticismo. ⁴

A filosofia de Sêneca se baseia na ideia de que o homem deve viver segundo a sua própria natureza, que é racional e divina, e que está em harmonia com a natureza universal, que é regida pela razão divina (logos). Para isso, o homem deve cultivar as virtudes, que são expressões da razão e da natureza, e que conduzem à vida boa (eudaimonia). As virtudes são quatro: sabedoria, justiça, coragem e autodisciplina. ⁵

Por outro lado, o homem deve evitar as paixões (pathos), que são perturbações da alma que afastam o homem da razão e da natureza, e que causam sofrimento e infelicidade. As paixões são divididas em três categorias: boas, más e indiferentes. As boas e más são, respectivamente, as virtudes e os vícios. Todas as demais são indiferentes, ou seja, não são nem boas nem más em si mesmas, mas dependem de como o homem as usa. Entre as indiferentes estão a riqueza, a saúde, o prazer, a dor, a vida e a morte.

Sêneca defende que o homem deve ter uma atitude de indiferença (apatheia) em relação às coisas indiferentes, buscando apenas o que está sob seu controle, que é a sua vontade (prohairesis). O homem deve aceitar o destino (fatum) como uma expressão da ordem cósmica, e não se rebelar contra ele. O homem deve também praticar a moderação (sophrosyne) em tudo o que faz, evitando os excessos e os extremos, que são contrários à natureza. O homem que segue esses princípios é o verdadeiro sábio (sophos), que alcança a felicidade e a tranquilidade da alma (ataraxia).

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