A lógica da acumulação de capital e o neoliberalismo

 A lógica da acumulação de capital e o neoliberalismo têm sido temas centrais na discussão sobre a distribuição de riqueza e a concentração de poder econômico na sociedade contemporânea. Parte dessa discussão envolve o conceito de capital improdutivo e como a riqueza social produzida pelo trabalho tem sido capturada pelo capital financeiro. Neste artigo, exploraremos esses temas e mostraremos sua interconexão.



A acumulação de capital é um fenômeno intrínseco ao sistema capitalista, no qual os proprietários dos meios de produção buscam aumentar seu poder econômico e influência. Esse processo ocorre por meio da apropriação dos lucros gerados pela produção de bens e serviços. No entanto, o neoliberalismo, uma corrente de pensamento econômico que se tornou dominante nas últimas décadas, tem impulsionado essa lógica de acumulação de capital a novos níveis.


O neoliberalismo defende a redução do papel do Estado na economia, promovendo a desregulamentação e liberalização dos mercados, além da livre circulação de capitais. Essas políticas favorecem o aumento da concentração de riqueza nas mãos de poucos, especialmente nos setores financeiros. O capital financeiro, representado por instituições como bancos, fundos de investimento e corporações multinacionais, tem se beneficiado em grande medida dessa lógica.


Uma das críticas ao capital financeiro é a sua capacidade de capturar a riqueza produzida pelo trabalho e convertê-la em capital improdutivo. O capital improdutivo é aquele que não é utilizado para a produção de bens e serviços reais, mas sim para atividades financeiras especulativas, como a compra e venda de ações, títulos e derivativos.


A captura da riqueza social pelo capital financeiro ocorre de diversas maneiras. A financeirização da economia, que é um processo no qual a atividade econômica é cada vez mais dominada pelas instituições financeiras, leva à priorização das atividades especulativas em detrimento dos investimentos produtivos. Isso resulta em uma menor capacidade de geração de empregos e em um aumento da desigualdade social.


Além disso, a lógica do capital financeiro promove a acumulação de riqueza de maneira exponencial. Aqueles que já possuem recursos financeiros podem investir em ativos que geram altos retornos, enquanto os trabalhadores comuns têm menos oportunidades para acumular riqueza significativa. Isso leva a um aumento da desigualdade de renda e riqueza, perpetuando um ciclo em que os mais ricos se tornam cada vez mais ricos.


Essa lógica também coloca em risco a estabilidade econômica e social. As atividades financeiras especulativas estão sujeitas a flutuações e crises, como a crise financeira global de 2007-2008, que resultou em consequências econômicas devastadoras em todo o mundo. No entanto, mesmo em momentos de crise, o capital financeiro tende a concentrar ainda mais riqueza em suas mãos, enquanto os trabalhadores e a população em geral sofrem as consequências.


Para combater a lógica da acumulação de capital e a captura da riqueza social pelo capital financeiro, é necessária uma abordagem mais equitativa e redistributiva. Isso implica em políticas públicas que promovam a regulamentação dos mercados, a taxação progressiva da riqueza e uma maior participação dos trabalhadores nos lucros e nas decisões empresariais. Além disso, é importante repensar o modelo econômico baseado no crescimento infinito e no consumismo desenfreado, buscando alternativas mais sustentáveis e justas para a distribuição de riqueza e bem-estar social.


0 Comentários