Como seriam as cidades se fossem projetadas para mulheres? Podemos criar cidades mais seguras, inclusivas e equitativas para as mulheres? Como poderíamos alcançar essa mudança tão necessária?
Isso significa ir além da simples consulta às mulheres e realmente envolvê-las no processo de tomada de decisões sobre a cidade. A representação direta das mulheres nos conselhos de planejamento e design urbano é essencial para garantir que suas vozes sejam ouvidas e que suas necessidades sejam atendidas.
Além disso, é fundamental considerar a diversidade das mulheres em termos de raça, etnia, classe social, orientação sexual e deficiências. As experiências e necessidades dessas mulheres também devem ser levadas em consideração no planejamento e no design urbano. Isso exigirá uma abordagem interseccional e inclusiva que leve em conta as múltiplas identidades das mulheres.
A segurança é uma área chave, em que as cidades podem ser projetadas de forma a acolher as mulheres. É conhecido que muitas mulheres sofrem violência sexual e assédio em espaços públicos e sistemas de transporte. Isso limita sua capacidade de se movimentar livremente pela cidade e afeta sua qualidade de vida. Portanto, é importante criar espaços públicos e sistemas de transporte seguros e inclusivos, onde as mulheres possam se sentir protegidas e livres de assédio.
Além disso, é necessário garantir que os espaços públicos sejam projetados levando-se em consideração as necessidades das mulheres. Isso inclui a criação de banheiros e instalações de saneamento adequados, bem como a inclusão de espaços verdes e recreativos que sejam acessíveis e seguros. É importante superar a falta de representação das mulheres nos espaços de poder, nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas Estaduais, nos governos municipais e estaduais, bem como no Congresso Nacional. Até nos nomes de ruas e outros monumentos, vemos que é preciso valorizar mais as mulheres. Apenas 2-3% das estátuas em quase todos os países do mundo representam mulheres, o que reflete a atitude de design baseada em gênero. É necessário garantir uma representação equitativa das mulheres e de suas conquistas na paisagem urbana.
Além disso, à medida que o impacto dos riscos climáticos nas cidades aumenta, é importante considerar o viés de gênero na forma como as cidades são projetadas e gerenciadas. As mulheres são mais vulneráveis aos efeitos negativos dos riscos climáticos, principalmente devido à sua maior propensão a viver na pobreza e áreas de riscos, em ocupações irregulares com moradias precárias. Portanto, é crucial integrar a perspectiva de gênero nas estratégias de adaptação e mitigação de desastres, bem como garantir o acesso equitativo aos recursos e serviços necessários para lidar com os efeitos das mudanças climáticas.
Já existem exemplos de cidades que estão liderando o caminho na criação de espaços urbanos que funcionam para as mulheres. O Lev! Túnel em Umea, Suécia, é um exemplo de como um design cuidadoso pode criar um espaço seguro e acolhedor para as mulheres durante a noite. Outro exemplo é o "esquema de banheiro comunitário" em Richmond, Londres, que fornece acesso a banheiros gratuitos, limpos e seguros em empresas locais.
No entanto, é importante que essas sejam apenas as primeiras etapas de uma mudança mais ampla e abrangente. Para criar cidades verdadeiramente inclusivas para as mulheres, é necessário um compromisso sustentado de todas as partes interessadas. Isso requer a colaboração de profissionais urbanos, autoridades governamentais, grupos comunitários e a participação ativa das mulheres em todas as etapas do processo.
Ao projetar cidades que trabalham para as mulheres, estamos criando cidades mais justas, mais seguras, mais saudáveis e mais enriquecedoras para todos. É hora de agir e garantir que as necessidades e experiências das mulheres sejam consideradas no planejamento e no design urbano. É hora de criar cidades vivas, onde todas as mulheres possam prosperar.

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