Cerca de 500 moradores do Gama tomaram as ruas nesta quarta-feira (31) em protesto contra a demora na entrega de lotes urbanos. Carregando cartazes com frases como “Queremos lotes, já”, o grupo ocupou o Centro de Desenvolvimento Social (CDS) da cidade satélite para pressionar o secretário de Serviços Sociais, Haroldo de Castro, a responder às suas demandas. A principal reivindicação é clara: regularização fundiária imediata no próprio Gama, sem aceitar propostas de transferência para Samambaia.
A Associação dos Moradores do Gama, que representa 12 mil
famílias inscritas, alerta para a situação crítica de muitas dessas pessoas. “Há
gente morrendo de fome, comendo uma vasilha de arroz por dia. Não dá para
esperar mais”, desabafou Maria Leônica da Silva, diretora social da entidade.
Ela relatou que está contendo invasões de terras, mas a pressão popular aumenta
à medida que as promessas governamentais se prolongam.
As negociações com o secretário Haroldo de Castro têm sido
tensas. Inicialmente, ele pediu que os moradores apresentassem uma área
alternativa no próprio Gama. O grupo escolheu o Setor Norte, mas a proposta foi
rejeitada sob a justificativa de que a região seria “rural” ou pertencente à
Fundação Zoobotânica. Os moradores rebateram: “Se a área é da Terracap [empresa
pública de gestão territorial], é do povo”, argumentou Maria Leônica, após uma
reunião conturbada.
Além dos problemas técnicos, os moradores enxergam na
proposta de Samambaia uma estratégia política. “Se formos para lá, vamos
trabalhar pelo crescimento de Taguatinga e o Gama ficará abandonado”, criticou
Maria Leônica. O temor reflete uma descrença histórica em políticas públicas
que, segundo os manifestantes, privilegiam o desenvolvimento de novas áreas em
detrimento das já existentes.
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